ATA DA NONAGÉSIMA SEXTA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 16.11.1998.
Aos dezesseis dias do mês de
novembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli
Sell, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães,
Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Renato Guimarães e Milton Zuanazzi. Ainda,
durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio
Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Eliseu
Sabino, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João
Motta, José Valdir, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal,
Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum",
o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição
em avulsos de cópias da Ata da Nonagésima Terceira Sessão Ordinária, que deixou
de ser votada face à inexistência de "quorum" deliberativo. À MESA
foi encaminhado, pelo Vereador Nereu D’Ávila, o Projeto de Lei do Legislativo
nº 148/98 (Processo nº 2910/98). Ainda, foi apregoado o Ofício nº 469/98, do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Mensagem Retificativa
ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 10/97 (Processo nº 3442/97). Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 3594/98, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da
Casa Civil Adjunto do Estado/RS; s/nº, do Senhor José Gregori, Secretário
Nacional dos Direitos Humanos, do Ministério da Justiça; Impressos: do
Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios, divulgando o Congresso Interestadual
de Prefeitos e Vereadores; do Instituto Delmiro Gouveia para o Desenvolvimento,
divulgando o Encontro Nacional de Vereadores e o Fórum Brasileiro de
Presidentes de Câmaras Municipais. A seguir, face à manifestação do Vereador
Paulo Brum, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito do artigo
216, inciso III do Regimento. Após, concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, aos
Senhores Cézar Pureza, Presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre
– SIMPA, e José Francisco Espírito Santo, Guarda Municipal, que discorreram a
respeito das atuais condições de trabalho dos municipários e denunciaram
irregularidades ocorridas no âmbito da Guarda Municipal, envolvendo uso
indevido de patrimônio e verbas públicas, criticando a postura adotada pelo
Executivo Municipal quanto a estas denúncias e solicitando o acompanhamento da
questão por este Legislativo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando
Záchia teceu considerações sobre as denúncias apresentadas pelos Senhores Cézar
Pureza e José Francisco Espírito Santo, no período de Tribuna Popular, tecendo
críticas ao Executivo Municipal pela demora na investigação dos fatos narrados
e destacando a necessidade da manifestação deste Legislativo, objetivando a
apuração dessas denúncias com a maior brevidade possível. A seguir, o Vereador
Renato Guimarães formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente,
solicitando cópias dos pronunciamentos dos Senhores Cézar Pureza e José
Francisco Espírito Santo, bem como dos documentos apresentados por Suas
Senhorias e da fita de vídeo anteriormente mencionada. Ainda, o Senhor
Presidente determinou fossem distribuídas aos Senhores Vereadores cópias da
documentação acima referida. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª
Sessão, o Projeto de Resolução nº 47/98; em 2ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 30/97, o Projeto de Lei do Executivo nº 41/98;
em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 151 e 161/98. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D’Ávila manifestou-se a respeito da
distribuição de material publicitário em forma de leque nas dependências do
Estádio Olímpico, salientando que o modo pelo qual esse material foi distribuído
ocasionou ferimentos leves em alguns dos presentes, além do fato de tal
material poder ser transformado em uma arma improvisada, contrariando orientações
básicas de segurança para estádios de futebol. A seguir, foi apregoado Requerimento
da Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no
dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o
Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão
de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Após, o Vereador Clovis Ilgenfritz
registrou o transcurso do primeiro aniversário da “TV Câmara Municipal de Porto
Alegre - Canal 16”, tendo o Vereador Pedro Américo Leal manifestado-se a
respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja discorreu a
respeito da situação enfrentada por pequenos comerciantes estabelecidos na rua
Barão do Amazonas, os quais estão tendo prejuízos pelo decréscimo nas vendas
resultante de alterações estruturais ocorridas naquele local, notadamente em
relação ao trânsito, em função da construção Bourbon Shopping Ipiranga. O
Vereador Cláudio Sebenelo teceu críticas ao Executivo Municipal, afirmando
existir um descaso para com a manutenção dos recursos hídricos da Cidade,
referindo-se, em especial, à limpeza e vazão do Arroio Dilúvio, e solicitando
providências do Departamento Municipal de Esgotos Pluviais - DEP e do Departamento
Municipal de Limpeza Urbana – DMLU para viabilizar o desassoreamento e retirada
do lixo acumulado neste Arroio. O Vereador Pedro Américo Leal pronunciou-se a
respeito da atual conjuntura econômica do País, analisando os resultados
verificados na balança comercial brasileira, principalmente no que diz respeito
ao volume de exportações, e comentando a influência das atividades financeiras
da Previdência Social nas contas públicas federais. Ainda, teceu considerações
a respeito da desestatização da Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. -
EMBRAER. O Vereador Carlos Alberto Garcia referiu-se à política de concessão de
incentivos fiscais pelo Governo Federal, relatando dados históricos e estatísticos
sobre as isenções de impostos concedidas e os regimes tarifários adotados nos
últimos anos em relação às indústrias automotiva e de informática. Também, defendeu
a idéia de que a concessão dos referidos incentivos seja precedida de um amplo
debate com o conjunto da população brasileira. Após, constatada a existência de
“quorum”, foi aprovado Requerimento verbal da Vereadora Sônia Santos,
solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do
Dia. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo
nº 213/97, com ressalva da Emenda a ele aposta, após ser encaminhado à votação
pelos Vereadores Hélio Corbellini, Jocelin Azambuja, Cláudio Sebenelo, Décio
Schauren, Pedro Américo Leal e Milton Zuanazzi. Após, foi aprovada a Emenda nº
01 aposta a este Projeto. Na ocasião, face à manifestação do Vereador Clovis
Ilgenfritz, o Senhor Presidente determinou ao Senhor 1º Secretário que
prestasse esclarecimentos a respeito da Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 213/97. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto
de Lei do Legislativo nº 117/98. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o
Projeto de Lei do Legislativo nº 138/98, após ser encaminhado à votação pelo
Vereador Carlos Alberto Garcia. Em Discussão Geral e Votação, foi votado o
Projeto de Lei do Executivo nº 07/98, o qual recebeu treze votos SIM, em
votação nominal solicitada pela Vereadora Maria do Rosário, após ser discutido
pelos Vereadores Jocelin Azambuja, Clovis Ilgenfritz, Renato Guimarães, Juarez
Pinheiro, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel, Guilherme Barbosa,
Gerson Almeida, Nereu D’Ávila, Elói Guimarães e Cláudio Sebenelo, tendo votado
os Vereadores Adeli Sell, Antonio Losada, Décio Schauren, Elói Guimarães,
Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Motta, José Valdir,
Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário e Renato Guimarães, votação
esta considerada nula face à inexistência de “quorum” deliberativo. Durante a
apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 07/98, os Vereadores Paulo Brum,
João Motta, Fernando Záchia, Cláudio Sebenelo, José Valdir e Antonio Hohlfeldt
cederam seus tempos de discussão aos Vereadores Jocelin Azambuja, Clovis Ilgenfritz,
Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Elói Guimarães e Cláudio Sebenelo, respectivamente,
e os Vereadores Luiz Braz e Pedro Américo Leal cederam seus tempos de discussão
ao Vereador Reginaldo Pujol. Ainda, foi apregoado o Requerimento nº 220/98
(Processo nº 3239/98), de autoria da Vereadora Maria do Rosário, deferido pelo
Senhor Presidente, solicitando autorização para representar este Legislativo
durante a 2ª Jornada de Integração da Região Sul contra o Tráfico e a
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a ocorrer no dia vinte e quatro
de novembro do corrente, em Santa Catarina. Às dezessete horas e cinqüenta e
seis minutos, constatada a inexistência de “quorum” deliberativo, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz e
Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum.
Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à
O
Sr. Cézar Pureza, Presidente do SIMPA, está com a palavra.
O SR. PAULO BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu indago a V. Ex.ª da
possibilidade da liberação do uso do casaco no Plenário por estarmos sem ar
condicionado.
O SR. PRESIDENTE: É uma questão justa que V. Ex.ª coloca.
O Vereador que quiser permanecer sem casaco, eu não vou censurar, até que algum
Vereador possa apelar para o Regimento da Casa porque V. Ex.ª sabe que este nos
impõe determinadas condições.
O SR. CÉZAR PUREZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o SIMPA
mais uma vez se vale deste espaço, lamentando que tenha vindo denunciar o
descaso da Administração para com os municipários, o desrespeito que a
Administração tem tido conosco. Tanto é verdade que nós, previamente, agendamos
um encontro com o Vice-Prefeito e o Secretário da Guarda Municipal - SGM -,
tratamos desse assunto, e o Vice-Prefeito se comprometeu a dar andamento
urgente para esse fato desagradável. Posteriormente fomos recebidos por uma
comissão do Governo, mas, como tem sido a praxe, Srs. Vereadores, compõem
comissão disso e daquilo, e nada se resolve. Por isso é que nós estamos aqui
valendo-nos deste espaço, lamentando, mais uma vez, que o Governo venha
desrespeitando os municipários com apropriação indébita, inclusive, de consignações
de sócios, desrespeitando, inclusive, fichas de sócios-fundadores do Sindicato,
que deixaram de ser consignados.
Como
a pauta é outra, nós vamos respeitar. Esse assunto será matéria para um segundo
momento.
De
antemão, Sr. Presidente, agradeço esta oportunidade e espero, Srs. Vereadores,
que esta Casa tome uma posição enérgica e faça o Executivo respeitar os
municipários. Nós estamos cansados do desrespeito, nós que estamos conquistando
a retomada da nossa política salarial, um grande ato contraditório da
Administração, decisão já ocorrida no Supremo Tribunal Federal, ou seja, negado
o agravo regimental. Por isso, Sr. Presidente, temos a certeza de que esta Casa
se valerá do seu direito independente de Poder Legislativo e resgatará,
imediatamente, o respeito na relação do Executivo com os seus comandados.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. José Francisco
Espírito Santo.
O SR. JOSÉ FRANCISCO ESPÍRITO SANTO: Sr. Presidente, demais membros da Mesa
Diretora, Srs. Vereadores, colegas da Guarda Municipal e demais presentes, nós,
da Comissão Permanente da Guarda Municipal, estamos aqui para denunciar as
irregularidades que ocorreram e estão ocorrendo na Chefia da nossa corporação.
Com muita dor vimos expor essa denúncia aos senhores. No dia 28 de agosto deste
ano, nós encaminhamos, pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre - o
SIMPA -, um ofício ao Prefeito Raul Pont, revelando que o Chefe da Guarda
Municipal e as demais chefias, que ganham as FGs, estavam realizando uma festa
custeada pelo erário e no horário de expediente. Inclusive, utilizando viaturas
da Prefeitura, conforme consta nesta fita (mostra uma fita de vídeo), que no
final será entregue ao Presidente da Mesa.
Utilizando
rádio, armamento e horas extras, já que algumas pessoas que estavam ali,
estavam ganhando horas extras. Srs. Vereadores, sabem qual foi a posição da
Administração Popular sobre essas denúncias? Pasmem: o Supervisor de Assuntos
Externos, Sr. Joel de Sousa, garantiu que haveria uma Sindicância, mas, passado
setenta e nove dias o SIMPA não recebeu nenhuma correspondência para participar
da Sindicância, tampouco informaram o número de processo da abertura da
Sindicância. Não foram tomadas providências, conforme consta no Estatuto dos
Servidores de Porto Alegre, na Lei Complementar nº 133/85. E, além disso, não
teve nenhuma chefia afastada do cargo em decorrência dessas denúncias.
Aqui
abro um parêntese, Srs. Vereadores, existe na Guarda Municipal as eleições das
chefias. Sempre que houver uma irregularidade as pessoas deveriam ser afastadas
para que a mesma seja apurada. Se, for constatada a irregularidade essas
pessoas deveriam ser exoneradas do cargo. E, talvez, por ter pessoas da
Administração envolvidas, fechou os olhos para nós, ou estão sendo muito lentos
nessa questão.
Srs.
Vereadores, tenho uma fita, a qual mencionei, que comprova a forma irrefutável
como tudo aconteceu naquele dia festivo das chefias. Infelizmente, temos mais
denúncias para citar no Plenário. Reclamações apontadas tais como: porte de
armas, inexistência das eleições das chefias; auditoria da Guarda Municipal que
ocorreu em 1996, e que nós da SPGM, na época, cobramos da Administração o
resultado daquela auditoria, e não nos foi dada nenhuma posição. Além disso, o
desvio de função que existe na Guarda Municipal, é sabido que existe em todas
as categorias, mas nós na Guarda Municipal entendemos que o desvio não deveria
existir. Quero explanar, Srs. Vereadores itens mencionados acima: porte de
arma: desde o dia 08 de outubro do ano passado, quando tivemos uma reunião com
a Secretaria do Governo Municipal, com o, então, Chefe Sr. Manoel Escobar,
juntamente com o Assistente Sr. Clayton Rabello, onde explanamos a nossa
preocupação com o porte de arma da Guarda Municipal, porque no dia 08 de
novembro de 1997 entrava em vigor a Lei 9.437, regulamentada pelo Decreto 2222,
em que o porte de arma passava de crime de contravenção para um crime penal, e
em alguns casos inafiançável. Isso trouxe uma grande angústia para nós da
Guarda Municipal, embora ainda não tenha ocorrido nenhum incidente com relação
às autoridades, mas isso nos preocupa, porque transitamos da nossa zonal até o
Posto de Serviço com armas, e, se houver uma abordagem da Brigada Militar ou de
outra autoridade competente, nós poderemos ser presos em flagrante delito. Isso
tudo por desleixo da Administração, que já deveria ter tratado disso há dez
anos, pois a Guarda Municipal já tem 108 anos de existência.
Recorremos
a esta Casa, através da Presidência da Comissão de Constituição e Justiça e o
Ver. Elói Guimarães chamou uma plenária, em audiência pública, quando tomamos
conhecimento que a Prefeitura, no dia 27 de novembro, quarenta dias depois,
havia mandado um ofício para a Delegacia de Munições e Explosivos do Estado,
pedindo o porte de arma.
Isso,
nós sabemos, ainda é pouco; teria que ser exigido que seja dado o porte, como a
Guarda Municipal já teve.
Em
segundo lugar, falarei da auditoria da Guarda Municipal sobre as horas-extras.
Em 1996, no final do primeiro semestre, houve uma auditoria na Guarda Municipal
com relação ao número de horas-extras feitas, quando de fato - e não de direito
- ficamos sabendo que existia uma
extrapolação por parte de algumas chefias e zonais.
Sobre
as eleições das chefias, nós estamos pasmos! Assim como os diretores de escolas
receberam o direito de serem votados pela classe escolar, nós, desde 1993,
conquistamos esse direito de votarmos as nossas respectivas chefias, mas em
1996 tomamos um golpe por parte da Administração. Falamos em Administração, porque,
quando sentamos à mesa com o Governo, eles falam que, de um lado, estão os
trabalhadores e, do outro, o Governo. Existe uma Comissão Paritária escolhida
para esse assunto. Então, colocamos para a Administração Popular, não mais na
Guarda, mas na Administração Popular, lá desmembraram uma zonal e acabaram com
ela, e falaram para nós que era um ato administrativo para uma readequação.
Parece-me que os militares fizeram isso no passado. Agora, extinguiram mais uma
zonal e não comunicaram a essa Comissão Permanente, isso está num acordo,
firmado no papel, que fizeram conosco. Deveriam nos comunicar para, em
conjunto, acharmos uma alternativa.
Estamos
muito preocupados com a questão da eleição da Guarda Municipal, porém
acreditamos na palavra do Vice-Prefeito José Fortunati, que nos garantiu as eleições na Guarda; queremos que saia na
Guarda em todas as FGs que existem lá, assinadas pela Administração Popular.
Um
agravante foi o fechamento da Escola de Guardas; fala-se tanto em fechar os
presídios e abrir escolas para educar o povo, porém fecharam a Escola de
Instrução da Guarda Municipal. Escola que vinha aperfeiçoando o Guarda
Municipal para prestar um bom serviço aos usuários. Quem são os usuários? São
as escolas a quem prestamos serviços e a própria comunidade. Essa Escola foi
fechada há mais de dois anos. Cobramos da SGM mais de uma vez, e eles nos
responderam que teriam que fazer uma readequação de disciplina, teriam que
discutir com a SMA a questão da disciplina da Escola, mas isso já faz dois anos,
daqui a pouco sai esta Administração e não teremos mais reciclagem. Existem
colegas que nunca tocaram em armas e estão trabalhando armados. Temos colegas
com quinze anos de Guarda e deram só cinco tiros, e trabalham armados. Existem
colegas com problema de alcoolismo na Guarda, inclusive já houve incidentes
dentro da Guarda Municipal. Eu já não sei se estou trabalhando com o colega
certo ou errado ao meu lado. E a Administração fecha a Escola! Parece-me que a
Administração está na contramão, pois, em vez de aperfeiçoar, fecha a Escola.
As conseqüências podem vir no futuro.
Consideramos
desvio de função uma questão gravíssima. Muitas vezes trabalhamos em setores
que precisam de mais colegas, e o que nos dizem é que não temos colegas para
trabalhar, o efetivo está reduzido. Mas existem três ou quatro guardas,
trabalhando em setores administrativos. Existem guardas que são assessores de
chefia. A Lei nº 6.309 não diz as
nossas atribuições, se a Administração quer fazer algum projeto que venha a
engrandecer a Guarda Municipal, vamos sentar, fazer esse projeto e ouvir os
trabalhadores. Essa é a proposta da Administração. Ouçam os trabalhadores para
que a gente possa fazer um projeto. Já havia um Parecer da Procuradoria do
Município em que já constava: façam uma comissão entre a SGM, e a SMA, a
Procuradoria e servidores da Guarda Municipal para discutirem o projeto da
Guarda Municipal. No plano de carreira, quanto a disciplina da Guarda Municipal
e, mais ainda, quanto a estrutura da Guarda Municipal e as suas atividades, é
isso que queremos. Não adianta a Administração nos mandar para o Rio de Janeiro
para participar de um Congresso de Guardas Municipais, lá estarem se
modernizando e, aqui, não conseguirmos aplicar nem um terço. Parece-me que
agora estão mudando a estrutura da Guarda Municipal, mas só de fato e não de
direito. Não existe um decreto, não existe uma lei, não existe uma portaria que
mude a sua estrutura, e estamos cobrando isso. Se é para melhorar, queremos
participar.
Para
finalizar, passo às mãos de V. Ex.ª, Sr. Presidente, a fita que contém as
denúncias, colocando que a Comissão recebeu essas informações há dois meses,
senão já teríamos encaminhado essas denúncias. Agradeço aos Srs. Vereadores,
aos colegas da Guarda aqui presentes e cobramos desta Casa as devidas
providências, porque aos que recorremos, nos fecharam as portas dizendo que
isso não dava em nada. Mas eu acredito nesta Casa, porque muitos Vereadores
ajudamos a vir para cá, e, agora, gostaríamos que os senhores nos ajudassem a
esclarecer esses fatos e tantos outros que acontecem na Guarda Municipal.
Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito aos senhores, que são bem-vindos
a esta Casa, que não se manifestem nem por aplausos nem por vaias para que
possamos manter o nosso Regimento.
O
Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ouvi
atentamente a manifestação do SIMPA e da Guarda Municipal e fiquei preocupado,
porque é um assunto que já se tem conhecimento há algum tempo, desde que fui
procurado por alguns membros da Guarda Municipal e me foi dada a fita de vídeo.
Fiquei extremamente assustado com o que ouvi naquela fita. Entendo que não
podemos responsabilizar o Executivo Municipal diretamente, é uma questão
conceitual. Se eles têm uma responsabilidade pela formação do guarda, se eles
podem ser responsabilizados pelos atos de seus funcionários quando no horário
de expediente, ao meio-dia, utilizam carros da Guarda Municipal. Isso é facilmente
constatado através da fita, esses guardas fardados, bebendo cerveja, a fita é
longa, é de quase uma hora, e mostra toda essa grande festança realizada nesse
horário de trabalho, onde os carros do município de Porto Alegre transportavam
os funcionários que deveriam estar trabalhando, porque, certamente, não são
três horas o seu intervalo de almoço. Tudo isso se constata pela fita, a
utilização indevida do patrimônio público, do dinheiro público, através de
funcionários do município. Naquele momento, dia 28 de agosto, em que recebi a
fita e a solicitação da Guarda Municipal, encaminhada ao Sr. Prefeito, fiquei
pensando, na certeza de que o Executivo Municipal abriria uma sindicância e
chamaria todas as partes envolvidas, as pessoas e chefias que são claramente
identificadas na fita, e que o Executivo Municipal tomaria as providências
necessárias que todos nós, não só Vereadores, mas cidadãos da cidade,
entendemos que devem ser tomadas. A minha surpresa, e até em alguns contatos
que fizemos na semana passada, eu perguntava às pessoas que me trouxeram a
fita: até agora o que, de fato, o Executivo Municipal fez? Não vamos ter a
irresponsabilidade de aqui acusarmos o Executivo, talvez ele já tenha
encaminhado uma sindicância e esta poderá, de fato, mostrar as
irresponsabilidades e punir essas pessoas irresponsáveis, porque não podemos
generalizar em cima de uma categoria, de uma classe de funcionários municipais,
aqueles maus servidores públicos que, sem dúvida alguma, deverão ser punidos
por parte do Executivo Municipal. Mas a surpresa e a tristeza deste Vereador é
quando vê que, após essas denúncias extremamente bem embasadas, as pessoas que
detêm o poder, de fato, não estão fazendo absolutamente nada para resolver esse
problema. Quando ouvi essa fita, fiquei chocado, porque ela identificava
funcionários públicos, utilizando a verba pública, o dinheiro e o patrimônio
público para que pudessem fazer uma festa. E não é uma simples festa, se os
Senhores ouvirem essa fita com bastante atenção, ficarão preocupados, porque
não é uma simples festa regada a cervejas e bebidas alcoólicas em horário de
trabalho, vai além, porque envolve inclusive funcionárias públicas mulheres que
estavam nesse local, e algumas gracinhas feitas por funcionários públicos
homens, solicitando, quem sabe, que alguma coisa mais fosse feita naquele
horário de trabalho. Parece-me claro que esta Casa tem o dever, a função e o
poder de fazer com que o Executivo Municipal tome as devidas providências.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que a Casa passe aos cuidados da Bancada o conjunto das
informações que o Guarda Municipal nos trouxe, a sua intervenção, a
documentação e a fita que foi mencionada. Vamos passar à Presidência da Casa
todo o desenrolar da sindicância que está tratando desse assunto na Prefeitura,
inclusive com as informações que estão contidas ali. Solicito que a partir
dessa discussão aberta pela intervenção da Mesa, nós possamos encaminhar, e
transitar, enquanto Câmara de Vereadores, junto com a SGM, o conjunto da
discussão, fora a denúncia, que são as reivindicações que o Guarda Municipal
trouxe. Que nos entreguem todo esse conjunto de documentos para que possamos,
enquanto bancada, acompanhar as reivindicações que o Guarda traz. A nossa
bancada tem a responsabilidade de, como representantes do Governo, de trazer
todo o conjunto de informações da sindicância que vem já, há muito tempo,
percorrendo a Administração Popular, para podermos tratar desse assunto.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, vamos fornecer a
V. Ex.ª a cópia do documento e solicitar que sejam feitas cópias da fita para a
sua Bancada. As bancadas que solicitarem receberão também as cópias dos
documentos trazidos pela Guarda Municipal.
Agradecemos
a presença de nossos amigos do SIMPA e da Guarda Municipal, que vieram fazer
uma denúncia para os Vereadores desta Casa, e dizer que já na manifestação dos
Vereadores Renato Guimarães e Fernando Záchia, esta Casa já se mostra disposta
a tomar as providências necessárias para que essa sindicância ou procedimentos
por parte do Executivo possam ser acompanhados “pari passu” aqui pelo
Legislativo Municipal.
Enquanto
Presidência da Casa, nos colocamos à disposição do SIMPA e da Guarda Municipal
a fim de que essas ações da nossa Câmara Municipal possam ser efetivadas,
cumprindo assim com o dever de todos os Vereadores.
Muito
obrigado pela presença.
Solicito
a nossa Diretoria Legislativa que, por favor, providencie, junto com o pessoal
da área de jornalismo, as cópias necessárias da fita e que a cópia original
permaneça com a Presidência da Casa. Solicito também cópias dos documentos para
os senhores Vereadores para que todos possam tomar conhecimento das denúncias
que foram trazidas até aqui.
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC.
3115/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 047/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o título
honorífico de Líder Comunitário ao Monsenhor Máximo Benvegnú.
2ª SESSÃO
PROC.
0847/97 – SUBSTITUTIVO Nº 01 ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/97, ambos
de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera a redação da Lei nº 7054,
de 28 de maio de 1992. (delimitação do Brique da Redenção)
PROC.
3064/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/98, que declara de utilidade pública a
Sociedade Beneficente e Educacional São Cristóvão – SBSC.
3ª SESSÃO
PROC.
2999/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 151/98, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que
altera o art. 7º da Lei nº 7969, de 21 de janeiro de 1997, que disciplina o uso
de caçambas estacionárias ou “containers” de entulhos na via pública e dá
outras providências. Com Emenda nº 01.
PROC. 3162/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 161/98, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Gildo Vissoky.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Renato Guimarães está com a palavra
para discutir a Pauta. Desiste.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro Comunicação de
Líder.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila em
Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero,
em nome da minha Bancada, do PDT, fazer uma solicitação junto com uma
reclamação, em nome da população de Porto Alegre, quiçá do interior também.
Quero relatar que, ontem, este Vereador que por muitos anos não freqüentava
estádios de futebol, foi ver o jogo entre o Grêmio e Corinthians. Quero referir
que, ao elogiar, talvez esteja chovendo no molhado, pela minha ausência há
muitos anos em estádios de futebol, mas há uma providência muito salutar de
parte da Brigada Militar, revistando os freqüentadores, os torcedores, antes da
entrada no estádio, mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fomos surpreendidos,
dentro do estádio, por algo que não se justifica de maneira alguma. Estava
sendo feita a distribuição de um tipo de leque de papelão cujas bordas eram
finas e afiadas. Não vou fazer qualquer tipo de inferência com relação à
propaganda que continha naquele papelão, porque ontem estava uma canícula
danada, e esse leque poderia ser usado para abanar-se. Porém, a maneira como
foi feita a distribuição desses leques, que eram propagandas de uma empresa,
deixou a desejar. Eu estava nas cadeiras centrais, atrás, há camarotes e, na
frente dos camarotes, as pessoas estavam distribuindo esses leques e os
atiravam em cima dos torcedores. Quero me referir a essa questão, porque os
leques voavam em cima dos torcedores, um deles me atingiu e cortou a minha
testa; outro cidadão que estava ao meu lado teve a sua perna cortada, inclusive,
sangrou e outras pessoas reclamaram também. Fiquei abismado com aquilo que
estava sendo atirado sobre a indefesa torcida que ali estava. Esse leque
parecia uma arma, quase uma navalha e as pessoas começaram a se esquivar
daquilo. Então, se por um lado há uma providência de não entrar armas ou
qualquer coisa que possa ser usada em uma briga e, na rampa que entramos, havia
três elementos da Brigada Militar fazendo esse tipo de revista, muito bem
feita. Lá dentro foi feito em benefício de uma empresa, que de benefício não
teve nada, ela só se beneficiou com a propaganda, com a possibilidade de ela
colocar aos milhares, aos borbotões, o seu nome, falando em 50% de desconto na
venda disso ou daquilo.
Fiquei
impressionado, porque efetivamente houve um massacre em cima da indefesa
população lá presente. E conforme a força com que era jogada e conforme a
distância, maior o dano na pessoa atingida. Como eu estava bem embaixo, na
primeira fila - e foram jogadas lá de cima - a que me atingiu na testa - aqui
está a marca - não causou mais do que um pequeno corte. Agora, outras pessoas
que estavam mais perto tiveram maiores seqüelas. Isso é inadmissível! É
inadmissível que, em nome de uma propaganda permitida, permissiva e feita aos
borbotões, no intento de colaborar esses leques como um possível instrumento
para diminuir o calor, tenha ocorrido esse tipo de agressão à população que lá
estava. Eu queria que fossem tomadas providências, que fosse proibido esse tipo
de propaganda ou então que a propaganda fosse em papel normal e fosse entregue
na entrada, uma a uma, como é feito nas ruas, nas sinaleiras e não dessa
maneira, de papelão afiado, que machucou, que cortou as pessoas que lá estavam.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Tereza Franco solicita Licença
para Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.:
Foi apregoado Requerimento de licença da Ver.ª Tereza Franco, e dada posse ao
Suplente, conforme consta na Ata.)
O
Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra. Desiste. Ver. Guilherme Barbosa.
Desiste. Ver.ª Clênia Maranhão. Ausente. Ver. Milton Zuanazzi. Desiste. Ver.
Antônio Losada. Desiste. Solicito ao Sr. 1º Secretário que faça a chamada
nominal dos Srs. Vereadores para entrarmos na Ordem do Dia.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, dirijo-me, no dia de
hoje, com muito orgulho e satisfação, a todos os Vereadores, à Presidência e à
Mesa Diretora para dizer da nossa alegria de vermos a nossa TV-Câmara, Canal
16, completar um ano de existência. Isso é motivo de alegria, porque foi um
trabalho interessante e pioneiro em todo o Brasil em termos de câmaras
municipais de capitais.
Queremos
cumprimentar a Casa, na pessoa de V. Exa., a equipe técnica e os funcionários
que têm desenvolvido esse trabalho.
Estou
encaminhando uma moção para ser votada no momento de votação dos requerimentos,
mas julguei importante colocar no ar a nossa alegria, porque a Câmara está cada
vez mais próxima da comunidade em função desse trabalho.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, eu tenho certeza de que todos
os Vereadores cumprimentam V. Ex.ª, porque teve a iniciativa, no ano passado,
juntamente com a Mesa Diretora, de dar início a esse projeto de transmissão das
sessões da Casa através do Canal-16.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: V. Ex.ª pode ter certeza de que foi um
trabalho coletivo e que, se não fosse a colaboração de todas as pessoas, o
projeto não teria sido realizado.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clovis Ilgenfritz, aproveito a
oportunidade para dizer a V. Ex.ª que a nossa Chefe da Equipe de Jornalismo
está em Brasília, tendo em vista o reconhecimento do trabalho da equipe de
jornalismo da Câmara como um dos melhores dos parlamento. Por isso ela seguiu
com passagem paga por Brasília, onde participa de eventos no Congresso
Nacional.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V. Ex.ª acabou de tirar as palavras da
minha boca, porque eu ia dizer que o Ver. Clovis Ilgenfritz havia feito uma
grande gestão e que V. Ex.ª, talvez,
até amedrontado pela gestão de Clovis Ilgenfritz, estaria tentando sobrepujá-lo.
O SR. PRESIDENTE: Eu prefiro que a gente continue
trabalhando juntos para que possamos fazer a grandeza deste Legislativo
Municipal. É isso que todos nós, Mesa
Diretora e Vereadores, buscamos e por
isso, é claro, os trabalhos que virão a repercutir na melhoria de vida de toda
a nossa sociedade.
Peço
que o Sr. Secretário faça a chamada para a verificação de quórum. Antes de ser verificado o quórum, concedemos
a palavra ao Ver. Jocelin Azambuja em
Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agradeço
à Vera. Sônia Santos, Líder da minha Bancada, que nos concede este espaço.
Acho
importante, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fazer um registro, porque é dever
nosso, nesta Casa, nos preocuparmos com questões como essa. Há algum tempo
falei da preocupação dos comerciantes da Barão do Amazonas. São cerca de 300
pequenos comerciantes. Eu estive fazendo um levantamento, loja por loja,
estabelecimento comercial por estabelecimento comercial - no dia 18, agora,
vamos inaugurar o Bourbon do Zaffari na Ipiranga - pois a Administração
Municipal e a Secretaria Municipal de Transportes que haviam se comprometido de
conversar com os comerciantes antes de tomar qualquer medida para acabar com a
mão-dupla na Barão do Amazonas, simplesmente, terminaram com a mão-dupla e hoje
virou uma pista de corridas. Eu fiz um levantamento, Ver. Clovis Ilgenfritz, e
a média de decréscimo de vendas daqueles pequenos comerciantes que sustentam
mais de setecentas famílias é na base de 50%, tem estabelecimentos que já
chegaram a perder 70% do seu movimento. Eu estou marcando uma nova reunião com
o Senhor Secretário de Transportes. Quero que a questão seja revista porque o
Sr. Prefeito Municipal exarou um decreto, há algum tempo, que preservava os
pequenos comércios em detrimento dos grandes mega-investimentos. Só que na
prática não é o que está se vendo! Na prática os pequenos comerciantes estão
sendo destruídos, Ver. Clovis Ilgenfritz, e os pequenos comerciantes da Barão
do Amazonas estão estabelecidos, o comércio da Barão do Amazonas, há mais de
trinta anos. Alguns até já fecharam as portas, alguns já colocaram à venda os
seus pontos e nem estão conseguindo vender, porque todo o tráfego foi desviado
para a frente do Bourbon, que vai inaugurar dia 18. Tudo feito para beneficiar!
E o pequeno comerciante que paga os seus impostos, que paga o seu ISSQN, que
paga o seu ICM, que faz a sua contribuição para com o Município? O Prefeito
Raul Pont esteve lá visitando os pequenos comerciantes no dia em que inaugurou
aquela ponte nova que o Zaffari fez ali e os comerciantes disseram para ele:
“Olha, Prefeito, é bom que o Senhor tenha vindo aqui porque o Senhor nunca
esteve aqui, só que talvez o Senhor tenha vindo aqui para assistir a nossa
destruição. Nós estamos sendo liquidados.” Tudo em benefício de um grande
empreendimento imobiliário. Então, eu lembro isso aqui, aos Srs. Vereadores, e
peço a interferência da Bancada do Governo no sentido de fazer com que a
Secretaria Municipal dos Transportes e o Governo Municipal revisem a sua
posição e permita a mão dupla no trecho até a Rua Felizardo, onde se concentra
o maior número de pequenos comerciantes. Quem mora no Jardim Botânico, sabe
disso. Morei dez anos no Jardim Botânico, conheço aquela realidade, conheço
muitos daqueles comerciantes, e sei o desespero que eles estão passando. Para
se ter uma idéia: comerciantes que, por exemplo, numa manhã de sábado, vendiam
em torno de duzentos reais, estão vendendo em torno de trinta, quarenta reais.
São pequenos comércios, como ferragens, institutos de beleza, locadoras de
fitas de vídeo, lojas R$1,99, de artesanato, enfim, todo pequeno comércio que
dá vida e sustentação a centenas de famílias. Então, tirou-se o ônibus no
sentido bairro-centro da Barão do Amazonas, tudo para beneficiar o grande
Bourbon-Zaffari que, tudo bem, vai dar emprego, mas do que adianta dar empregos
desta maneira? Liquidando com os pequenos? Um empreendimento tem que vir para
somar e não para destruir com os outros. Esse é o grande problema dos
comerciantes da Barão do Amazonas. Estamos marcando uma nova audiência com o
Sr. Secretário dos Transportes, com a associação e vamos tentar, nesta semana,
rever esta posição da Secretaria Municipal dos Transportes e, para isso, apelo
à Bancada Governista para que nos apóie neste sentido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para uma Comunicação de Líder, pelo PSDB,
tem a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Incontável número de vezes vim a esta tribuna para falar e denunciar o descaso
da Administração Municipal em relação a alguns dos seus recursos hídricos,
entre eles o Arroio Dilúvio. Pois, peço a cada porto-alegrense, a cada
Vereador, que faça um exercício de amor à Cidade e passe hoje pela Av. Ipiranga
e observe o que está acontecendo com o Arroio Dilúvio. Ontem, à tarde, eu
passei de ponta a ponta na Av. Ipiranga e, mais uma vez, venho pedir
providências. Eu sei que a Bancada do PT já está cansada de ouvir a mesma
reivindicação, mas é notável a falta de uma política de esgotos cloacais e
pluviais. Mesmo nas zonas mais privilegiadas da Cidade, muitas vezes, o mau
cheiro é insuportável, principalmente neste tempo de estiagem, pois a natureza
também contribui para a estagnação das águas e para o acúmulo de lixo no leito
do Arroio Dilúvio.
Eu
sugiro que haja um esforço concentrado de diversas entidades da Administração
para que, com o auxílio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, se faça
uma limpeza do leito do Arroio Dilúvio. Eu já não faço mais um inflamado
discurso falando do descaso da Administração Municipal; eu já peço de uma forma
candente, de uma forma pungente, de uma forma doída, porque aquele arroio é uma
mensagem de morte para a nossa população. Lá se colocam todos os dejetos da
Cidade, como milhares de garrafas plásticas de refrigerantes de 2 litros,
pneus, móveis, enfim, uma grande quantidade de lixo. Ontem, eu transitava
próximo à PUC, e vi uma cena profundamente triste: um casal atirando um saco de
lixo dentro do arroio, virando as costas e indo embora.
Essa
é a postura que nós temos tido em relação ao Arroio Dilúvio, como população, isto é, damos as costas ao
Arroio Dilúvio. Fazemos dele não uma área de lazer, uma área ecológica, mas sim
uma área de depósito de lixo, a cloaca da nossa população.
Enquanto
eu for Vereador e estiver nesse estado de coisas, todas as vezes que eu puder,
eu vou ocupar esta tribuna fazendo exatamente a mesma denúncia, que cansem os
meios de comunicação, que cansem a televisão, que cansem os meus colegas
Vereadores, que cansem a população, mas eu não vou cansar. Eu vou denunciar,
enquanto puder, porque é inconcebível que essa dádiva da natureza seja assim
tratada pelo Município e que, pelo menos, houvesse uma integração, Ver. Pedro
Américo Leal, entre as diversas instituições da Prefeitura, que se ajudassem
umas às outras, e pedisse ao Departamento de Limpeza Urbana que ajudasse o DEP
a desentupir o Arroio Dilúvio que está atulhado de lixo de uma forma
insuportável, estagnando o seu curso e, mais do que isso, criando doenças e
mais doenças para a nossa população que, de forma mais ignorante e simplória,
faz daquele arroio o seu balneário, o balneário que os encaminha para a morte.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto
à tribuna enfocando os problemas econômicos do Brasil.
Não
é possível que 33 Vereadores permaneçam indiferentes ao que sucede na Nação. V.
Ex.as devem saber que, na verdade, a nossa entalada, o nosso
problema maior reside nas exportações e na Previdência. Isso é curial, é fora
de dúvida, nós estamos completamente estatelados entre as dívidas da
Previdência e quanto ao enigma das exportações. Pois V. Ex.as precisam
saber que, em 1997, há quase dois anos atrás, a nossa dívida com a Previdência
era de 59,5 milhões de reais. Sabem qual é a nossa dívida em 1998? Dois e meio
bilhões de reais. Mas como é que pode? É preciso se fazer uma auditoria no
Brasil. Chamem quem quiser: ingleses, japoneses, americanos, os técnicos que
inventarem, mas o Brasil precisa de uma auditoria, porque eu paro agora nessas
duas cifras, em um ano e meio, ou seja, em um exercício, Ver. Milton Zuanazzi,
a dívida foi de 59,5 milhões para dois bilhões e meio. É irrelevante 100
milhões ou não, tamanho é a cifra.
É
incrível e V. Ex.as talvez não saibam, porque não podem ler tudo, de
que existe um PROEX, pró-exportação, mas dos 13.850 exportadores do Brasil,
apenas 460 participam desse PROEX. Mas como isso é possível? O Brasil tem
exportadores, não digo medíocres, mas são indivíduos temerosos, que procuram
colocar o que produzem com muita parcimônia e eles querem vender e esta venda o
Brasil usufrui lucros, daí é que vem as divisas, daí é que vem os dólares e V.
Ex.as já perceberam que treze mil exportadores não entram nesse
PROEX tamanha a gama de documentos, de burocracia, que os exportadores ficam
afogados, estatelados, e não conseguem responder ao que é exigido? Mas é
preciso que nós examinemos isso! Não podemos ficar discutindo neste Plenário
apenas medidas administrativas! Não me conformo com isso! Nós temos que abordar
os problemas nacionais, estaduais e municipais. Fiz o relato do Regimento
interno com esse intuito, mas, infelizmente, por culpa também minha, não
progrediu esse trabalho este ano, mas, pelo menos, está correndo Pauta.
Agora,
V. Ex.as desejam saber uma novidade? Lembram-se da EMBRAER, falida,
sucata, uma companhia derrotada? Pois, agora, escutem: a EMBRAER, que foi
privatizada em dezembro de 1994, este ano sua receita bruta deverá chegar a 1.3
bilhões de dólares, 90% do total em vendas para o exterior, com o sucesso de
ter realizado a grande façanha de colocar cento e quarenta e cinco aviões
bireatores, de cinqüenta lugares, em todas as nações do mundo ocidental. Mas
ninguém diz isso, pois privatizaram a EMBRAER! Privatizaram a EMBRAER, que era
uma sucata e hoje é um sucesso! Há mais coisas aqui, façanhas da EMBRAER, que
gostaria de ler, mas não tenho mais tempo. Ela vai planeja e vai realizar
aviões para trinta e sete lugares. Na verdade, esse dinheiro é nosso, é do
Brasil!
O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal, terminou o
tempo de V. Ex.ª.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: O Ver. Elói Guimarães está dizendo uma
coisa quase que de um oráculo: “Vamos aguardar o que vem por aí da Vale”. É
evidente, porque isso foi feito em 94. Cinco anos depois, aparece uma EMBRAER,
sucesso de bilheteria.
Infelizmente,
o tempo terminou. Esse tempo não deveria terminar nunca. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Vereador Coronel Pedro Américo Leal tem razão, e eu fico contente quando um Vereador
do PPB toca nesses temas.
Na
semana passada, nós levantamos a questão de que, no próximo ano, o Governo
Federal vai conceder incentivos na ordem de 16,2 bilhões de reais para
empresas. Ao mesmo tempo, a totalidade da população estará arcando com inúmeras
responsabilidades, para que esse mesmo Governo consiga captar vinte bilhões.
Hoje,
nós estamos trazendo alguns dados: nós últimos vinte anos, Ver. Pedro Américo
Leal, o País gastou 350 bilhões em incentivos fiscais. Nós estamos falando em
350 bilhões! E nem sempre houve retorno na mesma proporção.
Nós
sabemos que, na história deste País, as concessões de incentivos são, muitas
vezes, feitas com fraudes, considerando interesses pessoais ou interesses de um
diminuto grupo.
Nós
vamos, agora, fazer um pequeno relato histórico de algumas concessões de
incentivo nos últimos anos neste País. A partir de 1957, o Governo passou a
conceder diversos incentivos. Curiosamente, mais uma vez, Coronel, os
incentivos foram dados, primeiramente, às indústrias automobilísticas. Os
benefícios incluíam: isenção de imposto tarifário sobre partes importadas,
isenção tarifária e de imposto de consumo para a importação de equipamentos. Na
década de 60, os incentivos fiscais para o Nordeste e Amazônia foram inúmeros.
E quem não se lembra da Transamazônica? Milhões e milhões de dólares foram
investidos naquela estrada que, na época, era a maior estrada do mundo. E hoje
sabemos que a própria natureza se encarregou de fazer essa estrada voltar ao
seu rumo normal.
E
eu pergunto: a responsabilidade por esses incentivos parte de onde? Onde está a
responsabilidade das autoridades que concederam milhões e milhões de dólares e
esse dinheiro desapareceu?
Em
1986 o Governo da Nova República ampliou a lista de incentivos, criando benefícios
para as áreas de informática e projetos culturais. E nós nos lembramos o que
foi feito daquela reserva de informática que, na época, foi um retrocesso,
também fazendo com que inúmeras empresas, com relação à questão da soberania,
emprestassem seu nome para empresas estrangeiras.
Entre
1975 e 1985, os fundos de incentivos fiscais receberam 6,6 bilhões de dólares,
mas nenhum deles cumpriu com os objetivos de redistribuição de renda das
regiões mais ricas para as mais pobres. Esses questionamentos temos que fazer.
Se existia um projeto de redistribuição de renda, onde está ocorrendo, ou
ocorreu essa redistribuição de renda? Porque o que vimos e estamos vendo, neste
País, é que a concentração de renda está cada vez maior. Ou seja, um número
pequeno de pessoas concentra o poder da renda em todo o País, fazendo com que a
cada ano que passa a nossa população fique mais empobrecida.
Nos
últimos anos, em 1996, o Governo aprovou incentivos fiscais para atrair
montadoras de veículos para o Nordeste, 25 empresas, num total de 2,7 bilhões
de dólares. Quase todas continuam até hoje no papel.
O
chamado regime automotivo custo 1,3 bilhões de dólares em incentivos fiscais em
1996 e 1997 e o País recebeu programas de investimentos de 18,3 bilhões de
dólares.
Neste
ano o Governo voltou a discutir a questão dos incentivos, depois de constatar
uma perda de 64 bilhões de dólares desde a implantação do Plano Real. Esta é
uma questão, com relação aos incentivos, que tem que ser discutida, é um
assunto latente em nosso Estado e, em momento algum, estamos entrando no
mérito. Estamos colocando que 16,2 bilhões em 1999, são 350 bilhões nos últimos
vinte anos. Temos que ter política de incentivo, mas para a totalidade da
população brasileira. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
.
A SRA. SÔNIA SANTOS (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que na Ordem do Dia sejam votados, pela ordem: PLL nº
213/97, PLL nº 117/98, PLL nº 138/98, PLE nº 007/98, PLL nº 011/98, PLL nº
010/96, PLL nº 045/97 e PR nº 039/98. Há concordância da maioria das lideranças
da Casa.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento que acaba de
ser formulado pela Ver.ª Sônia Santos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A
chamada feita pelo Sr. Secretário, Ver. Paulo Brum, indicou a presença de 21
Vereadores em Plenário.
Havendo
quórum, passamos à
PROC.
3759/97 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 213/97, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que
cria o Bairro Mário Quintana, compreendendo as atuais vilas Chácara da Fumaça,
Valneri Antunes, Safira Velha, Safira Nova, Batista Flores, Venceslau Fontoura,
Timbaúva e Passo Dorneles. Com Emenda nº
01.
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01.
Observações:
-
incluído na
Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 213/97. (Pausa.)
Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra
para encaminhar.
O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, Senhoras e Srs.
Vereadores, o sentido do meu encaminhamento é mais prestar um louvor às seis
pessoas que estão no Plenário, que eu gostaria de nominar: Antônio Alminhana,
Gilberto Marques da Rosa, Juarez Ritter, Silvio dos Passos, Manoel José da
Rosa, Carlos S. Araújo, e outras lideranças da região, que se encontram aqui,
por terem desenvolvido uma luta e uma discussão em sua comunidade durante um
ano. E essa discussão acabou em um processo absolutamente democrático, processo
eleitoral onde disputaram, junto com Mário Quintana, nomes como: Chico Mendes,
Chácara da Fumaça e Paulo Freire. Mário Quintana levou 75% da votação dos mais
de um mil e quinhentos votos que envolveram aquela eleição. Nesse sentido,
tendo sido um processo discutido com a região, não só sobre suas necessidades
de políticas públicas, como também dos seus limites, tendo sido discutido com o
Executivo a formação desse bairro, nós solicitamos aos Vereadores que aprovem
esse Projeto. E a Emenda nº 1 também deve ser aprovada, porque ela corrige
alguns detalhes por exigência e solicitação da Secretaria do Planejamento. Era
isso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a
palavra para encaminhar.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. presidente, Srs. Vereadores, esse
Projeto, de autoria do Ver. Hélio Corbellini vem, logicamente, ao encontro de
uma aspiração antiga dos moradores daquela região, cuja mobilização nós também
acompanhamos há alguns anos, no sentido de terem ali, entre as diversas
comunidades, uma denominação que homenageasse alguém que realmente construiu
alguma coisa de positivo em benefício da nossa Porto Alegre, do nosso Estado e
até do nosso País, como é a figura de Mário Quintana.
É
lógico que vamos votar favoravelmente à constituição do Bairro Mário Quintana,
mas é importante que sirva de reflexão para os Srs. Vereadores o Projeto que o
Executivo encaminhou a esta Casa para criação de diversos bairros e
redistribuição de bairros existentes. Eu vi que e eu vi que existem muitas
falhas, e esta Casa deverá se debruçar com muito zelo e cuidado nesse Projeto,
porque ele realmente deixa muito a desejar na sua elaboração, no seu conteúdo
de marcação e divisão de bairros, a nova redivisão de bairros de Porto Alegre.
Então, acho que é um assunto muito delicado e que deve ser muito aprofundado, e
não votado de afogadilho.
Quero
aproveitar esse Projeto do Ver. Corbellini, que tramitou por longo tempo, sobre
o qual houve uma discussão aprofundada com os moradores da região, para lembrar
desse outro Projeto do Executivo que tramita e que também merece um
aprofundamento muito grande, que merece uma análise muito grande.
É
importante também que tenhamos os conceitos de bairros, porque se criam bairros
na Cidade de Porto Alegre, esquecendo-se de princípios fundamentais, como por
exemplo, um bairro para ser criado tem que ter uma delegacia de polícia, um
posto de saúde, tem que ter uma estrutura mínima de atendimento a uma
população. Nós temos bairros criados em Porto Alegre que são apenas duas ruas
ou uma rua, e é denominado de bairro, sem essa infra-estrutura mínima. Então,
esse é um detalhe: o conceito moderno de bairro, logicamente, tem que atender a
essas condições mínimas de segurança, de educação, de saúde, posto de correios,
enfim, toda essa estrutura que deve compor um bairro da cidade de Porto Alegre.
Então,
eu só aproveitei esse momento do Projeto do Ver. Hélio Corbellini, para também
fazermos uma reflexão sobre o que é bairro, e sobre o que um bairro deve
conter. Por exemplo, no futuro Bairro Mário Quintana já temos o posto de
polícia, o posto de saúde, temos a infra-estrura básica que compõe um bairro, o
que não acontece na maior parte dos bairros de Porto Alegre. E como se quer
criar vários outros bairros e fazer-se uma redistribuição de áreas de
abrangência, valho-me deste momento para alertar os Srs. Vereadores para que
quando viermos a analisar, no futuro - que não deve ser imediato, mas mais
adiante - a questão da redivisão dos bairros de Porto Alegre, se faça buscando
os critérios básicos para a formação de um bairro dentro da Cidade. Nesse
sentido, faço a minha manifestação e cumprimento a comunidade que terá,
consignado pela Câmara, o Bairro Mário Quintana. Um abraço a todos. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para encaminhar.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Não
sabia que seria hoje a votação da denominação do Bairro Mário Quintana. Acho
que não é hora para se falar nos pré-requisitos para a formação de um bairro: é
hora de se falar em poesia.
Mário Quintana nasceu no Alegrete e fez um verso inesquecível para Porto Alegre, chamado “O Mapa”. Não me lembro da poesia, mas ela começava dizendo “Olho o mapa da cidade como se olhasse a anatomia de um corpo, é nem que fosse o meu próprio corpo. Há tanta esquina esquisita, há tanta moça bonita, e há uma rua encantada que nem em sonhos sonhei. Quando eu for, um dia desses, poeira ou folha levada pelo vento da madrugada, serei um pouco do nada. Invisível, delicioso, o teu ar mais parece um olhar, suave mistério amoroso, cidade deste meu andar, deste meu já tão longo andar, e, talvez, do meu repouso”.
E
o repouso de Mário Quintana foi em Porto Alegre, para nossa felicidade. Mário
Quintana não morreu, está junto conosco. E, como ele dizia “esses brutos que
atravancam as ruas, eles passarão, eu, passarinho”. Acho que talvez isso seja a
característica, o perfil clássico de Mário Quintana brincando com tudo,
ironizando até a sua sexualidade quando ele diz; “Minha Senhora eu lhe amo
tanto que até pelo seu marido me dá um certo quebranto.”
Todas
essas inesquecíveis frases de Mário Quintana estão no acervo de cada
porto-alegrense. Gostaria de rejubilar-me com o Ver. Hélio Corbellini que teve
essa inspiração magnífica de votarmos, no dia seguinte ao encerramento da Feira
do Livro, àquele que tantos livros escreveu, àquele que escreveu o inesquecível
Rua dos Cataventos. Ele não merecia nem uma rua, nem uma praça, ele merecia um
bairro, ele merecia a Cidade toda. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está com a palavra
para encaminhar.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, público
que nos acompanha, principalmente lideranças daquela região do Bairro Mário
Quintana, a Bancada do meu partido, o Partido dos Trabalhadores, irá votar
favoravelmente a esse Projeto. Cumprimentamos o Ver. Hélio Corbellini pelo
Projeto. Manifesto a nossa satisfação quanto ao nome muito bem escolhido,
sabemos que as lideranças da região participaram dessa escolha. Uma questão
importante para nós - e este Vereador já apresentou um projeto de criação de
bairro, o Bairro Lomba do Pinheiro -, e nós cumprimos o que está previsto na
Lei Orgânica, é a consulta a, no mínimo, 5% dos eleitores da região englobada.
Esse preceito da Lei Orgânica também foi cumprido nesse Projeto.
O
Executivo está trabalhando em um Projeto que está nesta Casa - segundo me
consta já e há um Parecer da Comissão de Constituição e Justiça que se refere -
de adequação, de adaptação dos antigos bairros ao novo mapa da Cidade, às novas
ruas.
Muitos
dos bairros que existem hoje foram criados por uma Lei de 1959, e de lá para
cá, evidentemente, muita coisa mudou em Porto Alegre, muitos lugares sofreram
grandes transformações. Onde, antigamente, o limite era traçado por uma linha
imaginária, existem ruas.
Então,
o Executivo está trazendo um Projeto que é importante para a Cidade, porque ele
visa a trabalhar a questão das regiões de planejamento da Cidade, das regiões
do Orçamento Participativo. Então, não pode, por exemplo, um bairro estar
dividido, estando metade em uma região de planejamento e metade em outra
região, o que acontece hoje, inclusive, em nível de Orçamento Participativo.
Essa é uma questão que o Projeto do Executivo que já se encontra nesta Casa,
está corrigindo. Inclusive esse Projeto trabalha, com exatidão, os limites,
fixando critérios discutidos com as associações de bairro, com a população,
critérios bem claros para traçar limites, onde, por exemplo, uma rua ou um
riacho pode fazer um limite. Não se deve traçar linha imaginária, porque esta,
muitas vezes faz com que um edifício esteja metade em um bairro e metade em
outro bairro. Isso não devemos permitir que aconteça, porque traz dificuldades
ao próprio IBGE para nos dar o censo, que é importante para o planejamento da
nossa Cidade. O próprio IBGE está concordando com esse Projeto do Executivo.
Eu
quero, em nome da nossa Bancada, parabenizar o Ver. Hélio Corbellini pelo
Projeto e também parabenizar as lideranças da comunidade que estão presentes
aqui, e dizer que esse Projeto do Executivo vai fazer algumas pequenas
mudanças, apenas em termos de exatidão dos limites. Tenho aqui um trabalho que
a Secretaria do Planejamento, através do funcionário Milton Cruz, nos mandou,
definindo os limites do Bairro Mário Quintana.
Nós
aprovamos esse Projeto. Só que o Projeto do Executivo vem definir um pouquinho
melhor os limites do bairro Mário Quintana, mas, evidentemente reconhecemos a
importância do projeto. Parabenizamos o Ver. Hélio Corbellini e a comunidade
que está presente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para encaminhar.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
bairro que surge sob a batuta de Corbellini, açambarcando as vilas Chácara da
Fumaça, Valneri Antunes, Safira Velha, Safira Nova, Batista Flores, Venceslau
Fontoura, Timbaúva e Passo Dorneles, e que deve levar o nome do grande poeta
gaúcho Mário Quintana, não poderia me deixar quieto, placidamente escutando
tudo o que se fala a respeito dessa criatura.
Mário
Quintana é um homem que, como Catulo da Paixão Cearense, aquele poeta do Norte,
que teve a coragem de fazer aquela poesia - V. Ex.as lembram-se
quando ele cantou: “Agora que eu sei, patrão, que o senhor nasceu nas terras do
Maranhão, onde o meu cavalo nasceu..”.
Quer
dizer, Catulo abria para o patrão dele uma réstia de amizade pelo fato de ele
ter nascido no mesmo local em que o cavalo dele também nasceu. Então, Catulo
levou muito tempo para ter o fardão da Academia; fardão com que também sonha o
Ver. Antonio Hohlfeldt em possuir um dia. É o sonho que ele tem, suponho, de
também usar o fardão da Academia. Vossa Excelência, Ver. Antonio Hohlfeldt,
está muito impressionado pelo dia de hoje. O futuro tem dias imprevisíveis, mas
Catulo também hesitou e teve muita dificuldade em vestir o fardão da Academia
Brasileira de Letras. Mário Quintana nunca pode vesti-lo, porque nunca deram
oportunidade a este poeta crioulo para que fizesse uso da sua poesia para
conquistar esse galardão.
Então,
tudo que se faça no Rio Grande do Sul para homenagear este homem é pouco, é tão
pouco, que trago nos meus resguardos, nos meus apontamentos, uma poesia de
Mário Quintana. É o meu caderno de algibeira. Diz Mário Quintana, esse grande
gaúcho:
“Recordo
ainda
Recordo ainda.. e nada mais me importa./
Aqueles dias de luz tão mansa/Que me deixavam, sempre, de lembrança,/ Algum
brinquedo novo à minha porta..
Mas veio um vento de Desesperança,/ Soprando
cinzas pela noite morta!/E eu pendurei na galharia torta/Todos os meus
brinquedos de criança..
Estrada
afora após segui .. Mas, ai,/Embora idade e senso aparente,/Não vos iluda o
velho que aqui vai:/Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou
um pobre menino .. acreditai../Que envelheceu, um dia, de repente! ..”
Um
homem desse merece um bairro, uma cidade e um estado. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Milton Zuanazzi está com a palavra
para encaminhar.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, também
quero aqui fazer voz ao Ver. Hélio Corbellini que tomou a iniciativa de
proporcionar a existência de um novo bairro na nossa Cidade com o nome dessa figura
encantadora que foi Mário Quintana. Recordo-me desse novo bairro, não faz
muito, pouco existia por lá. Muitas vezes, já tive a honra de ter citado isso
desta tribuna, na outra Legislatura, quando falávamos, talvez, na nominação de
uma outra vila, outro instrumento público da nossa Cidade, a que aquela
comunidade deu o nome de Vila Valneri Antunes, sem a oficialidade desta Casa,
em homenagem a quem foi um grande guerreiro e lutador pelas vilas da nossa
Cidade. Lá naqueles campos do futuro bairro Mário Quintana, muitas vezes, andei
com Valneri. Lá pela Chácara da Fumaça, Morro Santana, Vila Safira, muitas e
muitas vezes, andei com essa figura que, tragicamente, faleceu durante o seu
mandato ainda como Vereador de Porto Alegre.
Então,
Ver. Hélio Corbellini, penso que, além de uma necessidade que foi se criando
naquela região que cresce muito, que quer ter sua identidade própria, porque
ela não é Rubem Berta, não é Alto-Petrópolis, não é nada definido; uma
comunidade que está buscando a sua tradição, que vem de baixo, que com
trabalho, que vem com movimento comunitário, busca essa identificação e essa
inspiração nesse grande poeta, Ver. Pedro Américo Leal, que aqui, V. Ex.ª citou
uma de suas tantas poesias como citou também o Ver. Cláudio Sebenelo. Penso que
precisaríamos de tardes e tardes fazendo citações de Mário Quintana para que
tivéssemos um pouquinho, um mínimo de sensibilidade no sentido da grande
homenagem que esse poeta haverá de ter sempre da nossa Cidade e, em especial,
desta Casa. Meus parabéns, em nome da nossa Bancada, à comunidade. É com
orgulho que iremos ver esse bairro nascer. Creio que para todos nós, este
momento em que estamos dando esse voto, tem um símbolo, um enigma, um emblema
de estarmos fazendo para o resto das nossas vidas e da vida da nossa Cidade,
uma homenagem ao grande poeta Mário Quintana. Que era ele, Ver. Pedro Américo
Leal, adulto, jovem, criança, adolescente, responsável e irresponsável, tudo ao
mesmo tempo, como de resto tem que ser um grande poeta. É por isso que Mário Quintana,
essa criança eterna, que faz nascer um bairro jovem, uma criança na nossa
Cidade, disse em palavras bem simples, que qualquer criança de quatro, cinco
anos de idade poderá escrevê-la; porém só Mário Quintana poderá torná-la
eterna, pelo resto de todas as nossas vidas, uma frase simples como essa:
“Com
‘X’ se escreve xícara /e com ‘X’ se escreve xixi./Não faça xixi na xícara, /o
que irão dizer de ti?”
Isso
era Mário Quintana. Parabéns Ver. Hélio Corbellini. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Colocamos em votação o PLL nº 213/97. Em
votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade dos presentes.
Em
votação a Emenda nº 1. Como é uma emenda de conteúdo longo, o Sr. 1º Secretário
fará um esclarecimento.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Srs. Vereadores, paralelamente ao
projeto proposto pelo Ver. Hélio Corbellini, tramita nesta Casa um outro
Projeto de Lei de origem no Poder Executivo, que também dispõe sobre a criação
do Bairro Mário Quintana. A proposta do Ver. Hélio Corbellini está sendo votada
através do art. nº 81, de forma prioritária, mas o próprio Vereador precisa
melhorar os limites com base no estudo feito pela Secretaria do Planejamento
Municipal.
O SR. PRESIDENTE: Dadas essas explicações para o
esclarecimento do Ver. Clovis Ilgenfritz.
Em
votação a Emenda nº 01 ao PLL nº 213/97. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
PROC.
2432/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 117/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua Mário Silveira da Conceição um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relatora Ver.ª Anamaria Negroni: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relatora Ver.ª Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 117/98. (Pausa.)
Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
2778/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 138/98, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia,
que denomina Rua Irmão Ângelo Menegat um logradouro público localizado no
Bairro Protásio Alves.
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto.
Observações:
-
incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 138/98. (Pausa.)
Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para encaminhar.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto que institui um
logradouro público irregular com o nome Irmão Ângelo Menegat é uma atenção toda
especial relativo ao trabalho que o Irmão Ângelo dedicou durante quase
cinqüenta anos à causa Lassalista, e grande parte de sua vida no Colégio Nossa
Senhora das Dores.
Estamos
trazendo hoje, e depois vamos conseguir mais alguns exemplares para o Srs.
Vereadores, do livro contando a vida religiosa do Irmão Ângelo Menegat. Já
consta, também, no livro, não como Lei, porque ainda não foi votado, o Projeto
que denomina a Rua Irmão Ângelo Menegat um logradouro público na Cidade de
Porto Alegre, na Rua “J”, Vila Safira. Isso demonstra que essa pessoa dedicou
toda a sua vida ao reino de Deus, fazendo com que inúmeras pessoas pudessem se
servir e mostrar que as escolas confessionais, as escolas lassalistas têm, e
muito, um trabalho assistencial. Essa foi a sua preocupação durante toda a sua
vida.
Por
isso, encaminhamos favoravelmente o Projeto e solicitamos que os nobres colegas
o façam da mesma forma. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 138/98. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
0685/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/98, que altera a ementa e os artigos 1º e 5º
da Lei nº 7679, de 19 de outubro de 1995, relativa à associação do Município à
Instituição Comunitária de Crédito - PORTOSOL.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- incluído na Ordem do Dia
por força do art. 81 da LOM;
- discutiu a matéria o
Vereador A. Sell.
O SR. PRESIDENTE: Discussão geral e votação do PLE nº
07/98. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Esta é
uma matéria que nos preocupa bastante pelo aspecto da sua legalidade. Quando esse Banco foi instituído, nós
tivemos a oportunidade de votá-lo nesta Casa, na Legislatura passada. Nós
propugnávamos e propúnhamos que ele deveria ser constituído apenas com o
capital que vinha de fora, e não com o capital do Município de Porto Alegre
que, na época, se não estou enganado, foi aportado 750 mil reais, para a
constituição do Banco, como participação do Município de Porto Alegre. Então,
hoje, fazermos com que esse Banco passe a operar também, em nível de Região
Metropolitana, na Grande Porto Alegre, ou em outros municípios, nós, talvez,
estivéssemos incorrendo numa falta, pois estaríamos utilizando o dinheiro dos
munícipes de Porto Alegre, porque foram eles que deram o aporte de recursos
para a criação do Banco, para financiar projetos em outros municípios. Creio
que o próprio Município de Porto Alegre, o Executivo Municipal deveria fazer
uma análise mais aprofundada da questão. Uma coisa é criarmos um banco estadual
ou um programa federal para o financiamento de pequenos empreendedores em nível
de Estado do Rio Grande do Sul ou em nível de País. Outra coisa é invertermos,
é pegarmos o Banco Municipal que foi constituído com o capital dos munícipes de
Porto Alegre para financiar atividades nos demais municípios da Região
Metropolitana.
Então,
me parece, aí se encontra um erro com base legal e que pode gerar, talvez -
estou aqui fazendo uma dissertação no sentido de fazer com que todos pensemos,
especialmente a Bancada do Governo -, estar gerando um equívoco e até um
problema para o Prefeito, quando na análise do próprio Tribunal de Contas, de
todas essas atividades. A primeira preocupação que tenho é com relação ao
aspecto da legalidade e gostaria de deixar para que os Srs. Vereadores pudessem
analisar. Nunca esquecendo isso, Ver. Adeli Sell: o Banco Municipal foi formado
com o capital dos munícipes de Porto Alegre.
O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) No entanto, nós criamos uma entidade que recebeu outros aportes e
como, de fato, é um fundo rotativo, quanto mais houver possibilidade de pessoas
tomar e devolver o dinheiro, e assim sistematicamente, isso vai beneficiar os
primeiros aplicadores, ou seja, a municipalidade, a Prefeitura de Porto Alegre,
os moradores de Porto Alegre. Em questão jurídica, é uma entidade e pode
alargar o seu leque de atividades.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Mas nunca esquecendo, Ver. Adeli Sell - e
foi isso que levantei -, o aspecto da legalidade -, pois é o Município de Porto
Alegre, é o dinheiro dos munícipes de Porto Alegre financiando atividades em
outros municípios da região. Essa é a preocupação primeira que eu tenho. A
segunda é que Porto Alegre tem muito mais carências de financiamentos do que a
Grande Porto Alegre. Então, acho que o governo municipal deveria procurar incrementar
essa instituição, reduzindo a sua taxa de juros. Incrementar no sentido de
atender os milhares de desempregados de Porto Alegre, que estão buscando criar
uma nova atividade, ao invés de se preocupar em resolver problemas da Grande
Porto Alegre.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Paulo Brum se inscreve e, com a
vênia do Ver. Clovis Ilgenfritz, cede seu tempo para o Ver. Jocelin Azambuja,
que tem mais cinco minutos com direito a aparte.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Agradeço ao Presidente em exercício,
Juarez Pinheiro, e ao Ver. Paulo Brum. Então, Srs. Vereadores, há dois
aspectos. O primeiro é o da legalidade, que me preocupa bastante e deveria
preocupar o Executivo Municipal. Não é uma questão decidida. Falo também na
condição de advogado, de alguém que conhece um pouco de leis. Nunca esquecendo
que estamos utilizando dinheiro do Município de Porto Alegre, dos munícipes de
Porto Alegre, dos impostos de Porto Alegre para tentar financiar programas em
outros municípios. Isto deveria preocupar o Sr. Prefeito, o Sr. Secretário da
Fazenda e a própria instituição.
Outro
fato que não consigo vislumbrar é como o Governo Municipal quer levar este
projeto para financiar outros programas na Grande Porto Alegre, quando nós
temos graves problemas em Porto Alegre com milhares de pessoas que gostariam de
ter financiamentos a custo mais baixo, com taxas mais baixas e que lhes
permitissem iniciar ou ampliar uma atividade de trabalho.
Nós
estamos vivendo num mundo que modificou totalmente a relação de trabalho. Os Senhores
sabem que, no novo milênio, a geração de emprego vai se dar justamente na área
de prestação de serviços. Essa é a área de crescimento e é a área que
justamente esta instituição tem que se dedicar. Ora, se ela tem que se dedicar
a esse segmento e nós temos milhares de desempregados em Porto Alegre,
portanto, nada mais positivo do que fortalecermos a instituição em Porto Alegre
e não querermos levar a instituição a financiar desempregados da Grande Porto
Alegre. Isso é uma responsabilidade do Governo Estadual e do Governo Federal.
Parece-me,
Srs. Vereadores, que precisamos, mais do que nunca, procurar todos os
mecanismos de estímulo à criação e geração de empregos em Porto Alegre. É o que
nós não temos sabido fazer ao longo do tempo.
Vejo
que Porto Alegre perdeu inúmeros empreendimentos que geravam impostos e
trabalho na Cidade de Porto Alegre. Dou exemplo de alguns grandes
empreendimentos: a Pepsi-Cola, localizada na Av. Praia de Belas - claro que num
local superado -, mas que Porto Alegre não soube segurá-la, perdeu a Pepsi-Cola
e acabou um governo, inclusive do nosso Partido, na época, o PTB de Sapucaia do
Sul, levando a Pepsi-Cola para Sapucaia do Sul, gerando 2.500 empregos diretos
e mais de 5.000 empregos indiretos; a Souza Cruz, que estava também numa zona
imprópria, mas que poderia ser colocada em uma outra área de Porto Alegre como
o próprio Pólo Industrial da Restinga, tão decantado pelo Governo
Municipal, até com boa intenção de
querer gerar , naquele local, uma zona de produção de geração de empregos, mas
não se tentou fazer isso. A mesma coisa foi com a Brahma, a Brahma saiu da Av.
Cristovão Colombo e nós perdemos, então, a geração de milhares de empregos em
Porto Alegre, só nesses três casos que estou dando. E, vejam só, a Pepsi
poderia ficar em Porto Alegre como a Coca ficou, portanto, é sinal de que não
soubemos trabalhar corretamente aquela instituição.
Posso
dar também à lembrança, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, das empresas de
leasing que hoje estão todas com sua sede na Grande Porto Alegre, as empresas
prestadoras de serviço e tudo isso são impostos que saem de Porto Alegre. É
geração de emprego que Porto Alegre perde. Então entendo, Ver. Adeli Sell, que
precisamos incrementar empregos em Porto Alegre e isso é responsabilidade do Governo
Municipal. Então, por isso que entendo que o PORTOSOL deve fomentar a sua
geração de estímulos a empregos aqui dentro da Cidade e não na Grande Porto
Alegre.
O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu só queria lembrar que as empresas que V. Ex.ª nomina são grandes
empresas e essas empresas não recebem esse tipo de financiamento, o PORTOSOL
faz microfinanciamento, trabalha com microcrédito, no caso da Coca Cola, como
V. Ex.ª mencionou, recebeu dinheiro do FUNDOPEM e um dia antes de inaugurar a
fábrica aqui em Porto Alegre, na semana passada, demitiu 34 pessoas.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Eu só fiz alusão, Ver. Adeli Sell, e sei
que o PORTOSOL só financia pequenos empreendimentos, é isso que temos que
fazer, mas fazer Ver. Nereu D’Ávila dentro de Porto Alegre e não em
Cachoeirinha, Alvorada, Gravataí, Canoas, isso é problema deles, nós temos que
gerar empregos em Porto Alegre. Esta é a responsabilidade nossa, como
Vereadores, e é responsabilidade do Governo Municipal de Porto Alegre. É claro
com taxas de juros menores, nunca esquecendo esse caminho importante. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a
palavra para discutir o PLE nº 07/98.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
trabalhamos com esse assunto há longa data. No início de 1992, foi aprovado por
esta Casa um Projeto de Lei, de autoria deste Vereador, que autorizava o
Governo Municipal a estudar e a criar uma entidade de crédito, que nós chamávamos
de Banco Municipal de Porto Alegre. Esse estudo era feito com muito rigorismo,
com muita participação técnica e com a ajuda de entidades externas que têm
tradição no assunto, de consultorias, do SEBRAE e de ONGs.
A
Prefeitura, depois de longos estudos, voltou a esta Casa com um Projeto de Lei
e, ao invés de criar um Banco Municipal de Fomento, como estávamos imaginando,
criou a entidade comunitária de crédito sem fins lucrativos, que foi
constituída sob o título de Associação Civil Ideal, tendo a participação de
capital público, capital de ONGs e de outras instituições de crédito, inclusive
de fomento, como é o SEBRAE, a GTZ da Alemanha, e o Município de Porto Alegre
foi o pioneiro nesse processo. Lembro-me que a verba, votada por esta Casa,
autorizando o Município a entrar com 700 mil reais, que, convenhamos, é uma
verba muito pequena para quem já fez tanta coisa. O Município de Porto Alegre
conseguiu, com o tempo, verbas do BNDES. E também, Ver. Jocelin Azambuja, para
que V. Ex.ª possa, quem sabe, aceitar a minha argumentação, nós conseguimos,
num determinado momento, que o Estado do Rio Grande do Sul, com o dinheiro de
todos gaúchos, em verbas realmente muito pequenas, em torno de 350 mil reais,
mas que também contribuíram para o fundo que hoje está fazendo financiamentos.
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra se quiser fazer um aparte, mas eu
ouvi o seu aparte anti-regimental e lhe respondo anti-regimentalmente, dizendo
que não há por que nós ficarmos escondendo isso, pois isso é importante. O
município trabalhou com o Estado, com o BNDS, com o SEBRAE, com a GTZ e aquilo
que no início era o capital inicial de 1 milhão e 600 mil reais, passou em dois
anos, Ver. Jocelin, a financiar quatro mil setecentos e trinta e oito pessoas
ou famílias, dos quais 45% mulheres, numa média de financiamento de 1 mil e 605
reais e 10 centavos, ou seja, numa média realmente de financiamentos, muitos
com pouquíssimos recursos, o que somou já nesse prazo de dois anos e um mês que
é de janeiro de 1996 a fevereiro de 1998, o valor de 7 milhões 582 mil e 318
reais com 45 centavos.
No
caso - só para ficar claro para todos nós -, o prazo médio do crédito de seis
meses e o número de créditos quitados de dois mil novecentos e oitenta e sete,
o número de créditos renovados de dois mil cento e cinqüenta e apenas 4,5% dos
mutuários, daqueles que tiraram recursos tiveram problemas de atraso acima de
trinta dias, significa um sucesso absoluto. Aí, V. Ex.ª acha que não deve se
expandir de Porto Alegre, além das suas fronteiras.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Ver. Clovis Ilgenfritz, o Ver. João
Motta se inscreve e cede o seu tempo a V. Ex.ª, com a aquiescência dos
Vereadores inscritos.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Agradeço ao Ver. João Motta e aos demais
Vereadores, só para fazer um
raciocínio, se tem condições de se expandir para Canoas ou para Triunfo,
ou para Gravataí, ou para Alvorada, imagine V. Ex.ª, em especial os três
municípios que citei primeiro, que têm muito mais recursos que Porto Alegre,
relativamente ao seu tamanho, proporcionalmente a sua população, se eles também
se associam e entram com o capital, eles vão estar colaborando, assim como o
Governo do Estado, numa determinada hora, como o SEBRAE, como outros, para que
isso se expanda, para que o serviço de crédito alcance um universo maior que os
limites de Porto Alegre, ou o que é pior, mais complicado, que a pessoa tenha
que provar que mora em Porto Alegre, quando ela mora em Viamão e trabalha em
Porto Alegre.
E
muitas vezes o empréstimo não pode ser dado, porque ela mora em Viamão ou
Canoas.
Então,
o argumento de V. Ex.ª, Ver. Jocelin Azambuja, no sentido de dizer que o
dinheiro é de Porto Alegre e tem que ser gasto aqui, ele tem uma falha, no
momento que podemos, também, aduzir que os municípios onde esse crédito começar
a existir, onde existirem interessados, poderão entrar, basta que o conselho da
entidade aceite um capital para engordar o valor disponível.
O Sr. Jocelin Azambuja: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só para lembrar que o aporte de recursos de 50% do Governo do
Estado, o equivalente ao que o Município investiu, está correto. Porque o
Governo do Estado tem que procurar apoiar todas as iniciativas de todos os
municípios. Agora, é diferente de pegarmos o dinheiro de Porto Alegre para apoiarmos
iniciativas de outros municípios.
A
nossa preocupação é não pegar o dinheiro de Porto Alegre para financiar a
outros, quando temos graves problemas aqui. V. Ex.ª falou em cerca de cinco mil
financiamentos, mas temos uma realidade bem maior, precisaríamos de 20, 30 mil
financiamentos. Então, por que tirarmos de Porto Alegre, para dar para a Grande
Porto Alegre.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Em apenas dois anos Vereador, o que
significa dizer: cinco mil financiamentos em dois anos, e que se tivéssemos mais
recursos de Canoas, Viamão, Gravataí, somados aos recursos já existentes, essa
expansão nos propiciaria, dez, quinze, vinte mil empregos, quem sabe uma boa
parte para Porto Alegre, de pessoas que moram lá e trabalham aqui. E que não
tem como comprovar diferente, porque são pessoas que fazem um trabalho de
produção num local, mas a venda é aqui na Capital. Grande parte desses
financiamentos foram para pequenos empreendimentos, compra de máquinas,
equipamentos para sapataria, máquinas de costura, os mais variados tipos de
equipamentos, às vezes não tão caros, mas essas pessoas não têm como começar,
se não tiverem o aporte de recursos.
Eu
acho que é importantíssimo, e eu ainda tenho a esperança de que a nossa
administração, na experiência que tem tido, que é uma experiência vencedora
nesse caso, possa admitir mais cedo ou mais tarde que, além de ser uma entidade
ideal de crédito, como está sendo colocado, que essa entidade ideal de crédito
possa fazer parte de um banco municipal, isso sim, que gire com muito mais
recursos e que tenha dividendos capaz de ter recursos disponíveis para créditos
subsidiados em áreas, que é a origem da nossa visão desse projeto, que é a área
da habitação, habitação popular, por exemplo.
A
hora em que tivermos recursos nessa área, seguramente vamos ter uma bola de
neve, no sentido de que se multiplicariam os mutuários, mas se multiplicaria
também o acesso de recursos para esse tipo de entidade, uma vez se
transformando em um banco municipal. Eu defendo que devamos aprovar esse projeto.
Compreendo
as preocupações do Ver. Jocelin, mas tenho certeza que mesmo ele pensando nos
munícipes, nos moradores da Região Metropolitana, ele vai ver que eles também
têm direitos, que Porto alegre pode dar a sua parte no sentido de alavancar um
processo que pode ser assumido pelo seus respectivos municípios no momento em
que começasse a se avolumar. Disso eu não tenho dúvidas nenhuma. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no meu
entendimento esse projeto devolve ao Plenário da Casa a possibilidade de
fazermos um debate que vai além de autorizar ou não, a ampliação do PORTOSOL
fazer financiamento, captar recursos para outras entidades que estão sediadas
em outros municípios. Oportuniza, também, que façamos o debate para a Região
Metropolitana. Eu não consigo mais enxergar uma Região Metropolitana, que
constrói barreiras tão rígidas de um município para outro. A primeira questão,
Ver. Jocelin Azambuja, nós aprovamos aqui na Casa um convênio com cinco
municípios da Região Metropolitana para tratar da questão dos resíduos sólidos,
a Prefeitura de Porto Alegre entra com capital, entra com funcionários, a
Prefeitura de Gravataí entra com o local. E está se fazendo um aterro sanitário
lá, que está resolvendo o problema do resíduo urbano da Região Norte da Cidade
e mais de cinco municípios. Eu acho que na área do transporte nós temos que
fazer um debate que possa integrar a Região Metropolitana. Na área da saúde
também, com os consórcios municipais, que possam trabalhar a questão das
especialidades.
Eu
também vejo que na questão do financiamento e captação de recursos temos que
fazer o mesmo. Esse Projeto possibilita isso. Quando esse Projeto foi
protocolado na Casa eu achei estranho que o Vice-Prefeito de Canoas,
companheiro do PTB, procurou-nos para discutir o Projeto, colocando argumentos
sobre por que deveríamos aprová-lo. De fato, existem municípios que não tem
como articular, na sua estrutura, um órgão que seja financiador e captador de
recursos, que possa estabelecer relações com o BID, com o BNDS, para buscar
recursos para financiar projetos nas comunidades. Porto Alegre, não a
Prefeitura, conseguiu constituir esse órgão, que não é um órgão do poder
público municipal, é um órgão que o poder público municipal participa, junto
com a FEDERASUL, com o Governo do Estado, com a UFRGS. A GTZ, da Alemanha, já
colocou dinheiro nesse banco financiador e captador de recursos.
Portanto,
eu vejo que hoje estamos tendo a oportunidade de fazer uma discussão que vai
além de partido político, que vai além da questão só dos interesses de Porto
Alegre, é uma discussão que fizemos da Região Metropolitana e suas necessidades.
Aí, eu diria mais, ampliar hoje a possibilidade de o PORTOSOL, buscar recursos
e abrir financiamento para a Região Metropolitana, abre a possibilidade do
aumento de giro de capital, que vai baixar, sim, diretamente as taxas, os
juros, que esse órgão opera, vai possibilitar que mais pessoas possam, pelo
aumento de capital, buscar recursos. Então, vai ampliar o número de pessoas que
buscam empréstimo nessa instituição. Além disso, vai poder abrir uma discussão
da reconstrução de critérios, porque hoje eles são fixos, são critérios que
trabalham com uma grande possibilidade de risco e que, com essa ampliação, se
possa trabalhar a possibilidade de mudar esse conjunto de regras.
Portanto,
eu usaria uma palavra para votarmos hoje esse Projeto, ele estabelece hoje a
condição de solidariedade entre os municípios da Grande Porto Alegre. A palavra
é solidariedade. Lá no Município de Viamão, uma pequena empresa ou uma
cooperativa que quiser montar um trabalho de reciclagem de material, de resíduo
sólido, e que não tem condições, poderá usar o PORTOSOL para buscar os recursos
junto a um BNDS, junto a uma instituição de crédito nacional e, esse órgão que
hoje tem a sua localização no Município de Porto Alegre, dará essa ajuda.
Portanto o voto nesta Casa, no dia de hoje, extrapola a questão do debate
político, de um Partido contra o outro, tanto que os companheiros de outras
prefeituras, de outros partidos vieram a esta Casa pedir para que aprovássemos
esse projeto. E em nada ele prejudica o cidadão de Porto Alegre que vai buscar
recursos, pelo contrário, porque com a possibilidade de ampliar capital
proporcionará que mais empréstimos sejam feitos para a Cidade de Porto Alegre.
Acho
que o debate de hoje é importante, está servindo para nos convencer e
convencermos a outros de que esse projeto vai muito além das intenções que aqui
estão escritas. É um projeto que propicia a solidariedade na Cidade de Porto
Alegre. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esse
estatuto que estamos a discutir, realmente é um marco para quem estuda a
questão dos municípios neste País. Essa idéia da Instituição Comunitária de
Crédito, que nasceu aqui na Câmara de Vereadores, Poder Legislativo, por uma
iniciativa do hoje primeiro Vice-Presidente Ver. Clovis Ilgenfritz e que,
depois, recebeu uma série de reparos e de estudos aprofundados do Poder
Executivo, e acabou, inclusive, com emendas deste Legislativo por ocasião da
votação, nesta Casa, lembro que uma delas, proposta pelo Ver. Isaac Ainhorn, de
constituir-se uma instituição que é modelo na América Latina, só existindo
outras duas localizadas, uma, na Bolívia e - se não me engano - outra, no Equador,
que têm as características da Instituição Comunitária de Crédito que estamos
discutindo agora.
Devemos
observar algumas questões. O Ver. Isaac Ainhorn, que me privilegia com a sua
atenção, sabe que não estamos tratando de uma pessoa jurídica de direito público,
mas, Ver. Jocelin Azambuja, que discutiu a matéria, tratando de uma sociedade,
de uma associação civil. No Código Civil diz, claramente: “É uma pessoa
jurídica de direito privado”. Dentre as pessoas jurídicas de direito privado
temos as sociedades com fins lucrativos e as associações civis que não têm o
escopo principal de ter o lucro.
Portanto,
não estamos tratando de uma entidade que pertença à Administração Direta ou
Indireta do Município, mas de uma associação ideal que nasceu neste Legislativo,
teve um estudo aprofundado no Executivo, terminando com algumas emendas como,
por exemplo, a do Ver. Isaac Ainhorn, aperfeiçoada neste Legislativo, nesta
Casa. Foi aqui que essa Lei nasceu e aqui ela merece iniciar a sua melhor
constituição, passados agora alguns anos. Vamos, então, afastar algumas
imprecisões. Não se refere a banco, sociedade ou pessoa jurídica de direito
público. O que nós decidimos aqui - enquanto parlamento de Porto Alegre, e
vários Vereadores estavam aqui presentes, como o próprio Presidente desta Casa
-, neste ano, foi autorizar o Poder Executivo a participar de uma associação
ideal que tinha, entre outros participantes, o Governo do Estado, GTZ,
FEDERASUL e outras entidades. Portanto, esta Casa tem a competência para
decidir, politicamente, se tem o entendimento, sem nenhum problema jurídico,
sem nenhum arranhão, nós vamos decidir se temos o entendimento de permitir que,
no âmbito dessa instituição ampliada, vá melhorar ou não a sua
operacionalidade, ou seja, tendo, inclusive, condições de baixar as suas taxas.
Eu
tenho a plena convicção de que, com a autorização desta Casa, nós iremos
efetuar uma alteração importante, que vai refletir positivamente nos munícipes
desta Cidade, neste documento que é um marco.
Vereador
Cláudio Sebenelo, que estuda a matéria, nós estamos tratando da esfera pública
não-estatal de que tanto se fala. Não existe um exemplo mais bem-acabado do que
a instituição de crédito PORTOSOL, uma pessoa jurídica de direito privado que
se inclui entre aquelas que se entende de esfera pública não-estatal, ou seja,
é uma entidade que tem o controle da sociedade.
Nós
queremos, por fim, deixar claro que ela é modelar na forma de exigir garantias:
pessoas que não têm como apanhar um empréstimo bancário nas agências
tradicionais, por meio da Associação PORTOSOL, por meio de um sistema em que
uma pessoa é garantia da outra, têm acesso a esses recursos e, assim, conseguem
melhorar o rendimento dos seus pequenos empreendimentos. Portanto, não há
nenhum óbice de natureza legal, de natureza constitucional, e nós estamos
absolutamente tranqüilos, nesse sentido, para votarmos favoravelmente à
matéria. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos
votando um projeto cujo tema e pelo número de adiamentos da discussão da
matéria de que trata - sempre deixado como último projeto da Pauta - é de muita
importância, porque envolve alteração em uma instituição que já funciona há
alguns anos: a PORTOSOL, Instituição
Comunitária de Crédito criada pelo Município com o objetivo de atender às
demandas de microempreendedores que não têm o espaço do mercado tradicional e
convencional dos empréstimos junto à rede bancária.
Particularmente,
quero dizer que essa matéria, quando esteve aqui na Câmara - a solicitação de
autorização para a criação da Instituição Comunitária de Crédito e a
participação do Município nessa Sociedade Civil Ideal passou aqui pela Câmara
Municipal. Eu tive a honra de ser Relator dessa matéria, tive a oportunidade de
fazer um extenso estudo sobre a implantação de uma espécie de banco, de uma
caixa popular que atendesse à demanda de microempreendedores que não têm acesso
àquelas estruturas convencionais da rede do mercado financeiro do País.
Naquela
ocasião, apresentei uma Emenda, em que procurava compatibilizar a taxa de juros
a ser adotada, paga por essas pessoas, não com as taxas de mercado, mas com
taxas compatíveis com a natureza daqueles empreendimentos, pequenos e
microempreendimentos, para que essas pessoas não se submetessem à ganância e à
voracidade do lucro das estruturas financeiras convencionais, ou pior ainda,
das estruturas do mercado paralelo do dinheiro, da tradicional e conhecida
“agiotagem”, apesar de que hoje, surpreendentemente, a agiotagem e o mercado
paralelo têm trabalhado, em determinadas circunstâncias, com taxas inferiores
às taxas praticadas pelas instituições financeiras tradicionais.
Mas,
por uma luta, por tudo o que representa uma posição ideológica em relação à
questão dos juros e do capital, defendemos na Constituinte de 1988 os
tradicionais 12% de juros ao mês, e nós cobramos a coerência do Governo
Federal, que se nega a aplicar esse princípio constitucional, sob o argumento
de que a norma estatuída na Constituição Federal não se constitui norma
auto-aplicável. Portanto, isso permite esse comprometimento da estrutura
governamental com a chamada “ciranda financeira”, que é o argumento que se dá
com as taxas elevadas para manter o consumo e, via de conseqüência, a
estabilidade do Plano Real.
Dentro
dessa linha e dessa ótica, levei o assunto à Comissão de Direitos Humanos e
Defesa do Consumidor, cobrando coerência da Administração Municipal e
denunciando as abusivas taxas praticadas. Algum Vereador poderia ceder o seu
tempo para este Vereador?
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Fernando Záchia cede o seu
tempo para o Ver. Isaac Ainhorn, com a aquiescência dos Vereadores que já estão
inscritos para falar. Vossa Excelência continua na tribuna.
O SR. ISAAC AINHORN: Obrigado, Ver. Fernando Záchia. Ver.
Elói Guimarães, eu fiz um questionamento à Comissão de Direitos Humanos e
Defesa do Consumidor de que não era crível que uma instituição que nascera para
financiar micro e pequeno empreendedor fosse responsável por uma das mais altas
taxas de juros cobrado no mercado nessa faixa de atendimento a pequeno e
microempreendedor.
O
RS-Emprego, por exemplo, provei que havia taxas inferiores às praticadas pela
instituição comunitária e os autos provam esse dado. Fiz um levantamento de
todas as taxas, inclusive, do socorro dos municipários - o Montepio dos
Funcionários Municipais -, que cobra, Ver. Elói, 1,8 ao mês e que, em uma
economia estável, já é uma taxa alta. Lógico, se for comparar com taxa de saldo
devedor de conta bancária que foi feita para não pagar, para depois fazer
acerto financeiro de 11% ao mês, é óbvio que 4,5% é barato. Qual é o empresário
que suporta 4,5% ao mês nos seus investimentos e empreendimentos? A agricultura,
a economia primária não suportam e também não suportam taxas menores. Os
equipamentos e maquinários trabalham com 8,5% ao ano.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Ex.ª me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Comungando com a sua preocupação, gostaria de
identificar alguns números e questões. Este número, 4,5%, parece muito alto e é
o menor possível. Entretanto, ele é juro sobre o saldo devedor; não é o comum
dos projetos de financiamento que é o juro em um pacote único que calcula no
início, divide as prestações e a pessoa vai pagar aquela prestação. Nos outros,
em que foi alegado que o juro era menor, é dessa forma que fazem. Não há
cobrança de taxas sob hipótese alguma. Significa que, no cômputo final, um e
outro se equivalem. Por isso, queria que V. Ex.ª fizesse essa relação.
O SR. ISAAC AINHORN: Então, não é 4,5%, é muito mais. É óbvio,
na medida em que vai reduzindo o capital investido, não vai continuar aplicando
4,5% sempre sobre o total do capital. Tenho que fazer um esforço muito grande
para correlacionar, Vereador, para atender ao seu apelo. Quero dizer que o juro
é alto e incompatível com qualquer empreendimento, mas é a realidade. Tenho
cobrado uma redução da taxa de juros.
Quero
dizer a V. Ex.ª que o que me preocupa é que ele não esteja azeitado para
reduzir a taxa de juros, porque é uma Instituição Comunitária de Crédito que
nasceu com o objetivo de atender à demanda na Cidade de Porto Alegre, porque é
uma instituição do Município de Porto Alegre, que não visa e não tem por
objetivo o lucro.
Não
atende ao Bairro Jardim Floresta. Desafio que me provem que haja um
microempreendedor do Jardim Floresta que seja atendido pela Instituição
Comunitária de Crédito. No Bom Fim não há. Se a Instituição Comunitária de
Crédito não atende à demanda do Bairro Bom Fim, do Jardim Floresta, da Glória,
do Rincão, do Menino Deus, como vai se aventurar, agora, a atender à demanda de
Viamão, de São Leopoldo? Penso que os companheiros têm que levar a experiência
para outros estados, para outras cidades. Se é uma experiência boa, tem que
levar.
Até
gostaria de saber se a Prefeita de Alvorada já conseguiu fazer, porque aqui, na
época, o Prefeito Tarso Genro - e dei todo o apoio - conseguiu apoio da
FEDERASUL, conseguiu o investimento da RBS, até o Governador Britto autorizou,
já era o Governador do Estado, a participação do Estado do empreendimento. Não
é uma ganância econômica e não quero crer que se tratasse de uma ganância
política de colocar os tentáculos em outro banco. Até porque hoje restou sem
objeto, porque o Governador do Estado a partir do dia 1º de janeiro será o
Governador Olívio Dutra, e tem, para atuar, uma demanda até de
microempreendedores, nós teremos o Banco do Estado do Rio Grande do Sul para
atender.
Portanto,
temos a certeza de que ou a liderança consegue a retirada do projeto ou vê-lo-emos derrotado aqui na tarde de hoje.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse
projeto é discutido pelas mais brilhantes cabeças desta Casa, a começar pelo
Ver. Juarez Pinheiro que, de forma exaustiva, fez uma análise sobre a
juridicidade do mesmo, e agora pelo Ver. Isaac Ainhorn, que, com a
responsabilidade de quem foi o relator da matéria quando da sua aprovação,
ofereceu ao debate algumas considerações que me parecem valiosíssimas.
Eu
fico, nas minhas limitações, mais restrito, Ver. Pedro Américo Leal, a algumas
análises objetivas. Vejam todos que o que se modifica com o projeto, o que a
lei propõe alterar é o artigo 1º, hoje vigorante, retirando do mesmo as
expressões “instalados no âmbito do território municipal.” A lei que está
vigorando diz que fica o Poder Executivo Municipal autorizado a associar o Município
em Associação Civil Ideal com finalidade precípua de a partir de uma ação
facilitadora de acesso ao crédito, fomentar a constituição e/ou a consolidação
de pequenos e microempreendedores - e continua na atual redação vigorante - no
âmbito do território municipal.
Quer
me parecer que a atual redação, a redação que nada se quer modificar, é de
certa forma até redundante. Indiscutivelmente, é competência deste Legislativo,
elaborar, deliberar e votar projetos de lei que dizem respeito ao interesse público
local no âmbito de nossa competência.
Nós
fomos eleitos Vereadores para diligenciar, decidir e deliberar sobre assuntos
do Município de Porto Alegre. Somos competentes para tanto.
A
limitação, além dos limites territoriais, para algumas pessoas desta Casa é
algo tão significativo que na última Legislatura se mudou o Regimento
estabelecendo, Ver. Paulo Brum, que as indicações, sugestão que oferecemos às
autoridades competentes fora do município, fossem limitadas ao território de
Porto Alegre. Isso é um princípio dentro do Direito Público Municipal em que as
leis e os efeitos das leis oriundas desta Casa devem-se restringir ao limite do
território. É o princípio da territoriedade das leis que diz: lei municipal se
esgota nos limites do município; lei estadual se esgota nos limites do estado e
lei federal se esgota nos limites da União.
A
lei brasileira não vigora no Uruguai e nem tão pouco a lei de Santa Catarina
vigora no Maranhão ou a lei de São Paulo vigora no Rio Grande do Sul. Não.
Existe um limite territorial para que as leis produzam os seus efeitos. Nessa
medida, Ver. Jocelin, ainda que eu entenda brilhante a posição externada pelo
Ver. Juarez Pinheiro no exame das peculiares condições que envolvem essa
matéria, mesmo assim eu continuo com esse obstáculo de superação quase que
impossível. Eu não posso editar uma lei que produza efeitos fora do Município
de Porto Alegre. A Lei Orgânica do Município prevê uma circunstância na qual eu
autorizo o Município, em determinadas situações, a conveniar com outros ou com
outras esferas do Poder determinada medida. Essa possibilidade não me é aberta
aqui, confessadamente o que se busca com a retirada da expressão “no âmbito do
território municipal” é dar condição a essa entidade. Eu disse denorex, porque
parece que é, mas não é; parece um banco, mas não é; parece uma sociedade de
crédito ideal, mas não é; parece tudo, mas não é. Essa entidade é um ente
municipal decorrente de uma lei desta Casa.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Ex.ª trata bem o tema, mas chamo a atenção de V. Ex.ª sobre o
seguinte: o que fizemos aqui foi autorizar o Município a participar de uma
Associação Civil Ideal e dissemos qual é o limite geográfico. Não há essa
limitação colocada por V. Ex.ª, foi isso o que nós autorizamos, não estávamos
constituindo uma associação, simplesmente autorizamos que o Município viesse a
participar dessa entidade e não de outra, se ela tivesse um âmbito maior.
O SR. REGINALDO PUJOL: V. Ex.ª como sempre é lapidar no seu
aparte. V. Ex.ª tem um raciocínio muito fecundo, auxilia-nos sobremaneira, nós
que somos restrito no raciocínio das coisas mais óbvias. Efetivamente nós
autorizamos o Município de Porto Alegre a se associar a uma entidade para
produzir efeitos no âmbito do território Municipal. Se nós mudarmos a lei,
dando uma autorização “in albis” para o Município, estaremos abrindo um
precedente.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, o seu tempo está esgotado.
Inscrevo-me e cedo meu tempo a V. Ex.ª, com a aquiescência do Ver. Guilherme
Barbosa, que é Vereador já inscrito.
O SR. REGINALDO PUJOL: Muito obrigado, realmente eu preciso de
mais um pouco de tempo. O Vereador,
logo após, provavelmente trará esclarecimentos à Casa, o tempo que o
Vereador-Presidente me propicia enseja que eu aprofunde essa colocação. Se nós
simplesmente votarmos uma lei autorizando o Município a se associar com quem
quer que seja, nós estaremos até de certa maneira permitindo que o Município se
associe a uma entidade que tenha sede fora do Estado do Rio Grande do Sul, fora
da Cidade de Porto Alegre - a valer esse raciocínio. Não podemos fazer isso,
Ver. Pedro Américo Leal. Eu pensei que V. Ex.ª, que é muito arguto, tivesse me
trazido esse elemento de comprovação do meu raciocínio. Eu não posso autorizar
o Município a fazer mais do que eu tenha competência legal para fazê-lo. Isso
se chama questão de competência. Eu não posso determinar que o Município de
Porto Alegre faça aquilo que a lei não me permite que eu possa fazê-lo.
Então,
nessa linha, Sr. Presidente, e conhecendo o objetivo da mudança redacional, que
é a pretensão dos dirigentes dessa Associação, de ampliá-la, de transformá-la
numa Associação Regional, dentro deste Projeto de Lei, eu não tenho como
atender a essa reivindicação do Município. E passo até por cima do seu mérito e
nem discuto se é lícito ou ilícito o Município colocar dinheiro do contribuinte
para uma entidade para que ela se fortaleça e agora ele joga a sua atuação,
decantadamente benfazeja, para outros lugares que não aquele em que o combalido
contribuinte municipal contribuiu. Eu nem falo se isso seria mérito. Eu fico na
discussão de que se eu posso autorizar, de forma tão ilimitada, o Município de
Porto Alegre a se associar com quem? Com aquele que está previsto aqui, em Lei,
com uma associação civil que contenha no seu estatuto um conselho de
administração, em cuja composição o Município participe, obrigatoriamente, de
forma plural. É isso. Nós não podemos ficar só no art. 1º, que está sendo
modificado. Nós temos que ir no 2º; nós temos que ir no parágrafo único.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) É de fato uma matéria intrincada. Este Projeto já tem algum tempo.
Nós temos que nos remontar a todo o nascimento desta Lei nº 7.679, do Prefeito
Tarso Genro. Eu vejo aqui no art. 5º, no inciso VI - não sei se está revogado
-, diz assim: “...a disposição de que deverá operar exclusivamente no Município
de Porto Alegre.” Eu acho que isso não pode ser alterado porque, na verdade, se
for alterado nós damos a essa organização, essa entidade uma operacionalidade
muito grande. Ela sai do Município de Porto Alegre e vai em busca de outros
municípios na região e, sem receber absolutamente dinheiro algum, vai operar e
buscar crédito em outras casas bancárias de maior nomeada em todo o mundo,
talvez.
Então
eu acho que é uma posição bastante audaciosa. É muito audacioso o Projeto, acho
até que tem pretensões políticas - diz o Ver. Barbosa que já passou a eleição
-, a ganância do PT é imprevisível e ilimitada, não sei aonde ele quer parar!
Já tomou o Estado, já tinha tomado o Município, para aonde vai o PT? Não sei.
Então nós devemos ter, aqui, muita cautela com essa manobra porque ela parece
despretensiosa, infantil, muito sacerdotal, mas nós não sabemos até aonde vai
esse ímpeto. Eu estou justificando aquele não, não foi para V. Ex.ª, foi para a
ilustre Líder do PT, quando ela me perguntava: Qual é a sua posição quanto ao
Projeto, favorável ou desfavorável. Eu disse não e V. Ex.ª entendeu que era
quanto uma pergunta que estava fazendo da tribuna. Eu não tenho idéia formada
ainda, mas vejo com cautela tudo isso. Estou me abeberando de todos os
oradores.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, o Ver. Pedro
Américo Leal se inscreve e cede o seu tempo com a aquiescência dos Vereadores
João Nedel e Guilherme Barbosa.
O SR. REGINALDO PUJOL: Eu agradeço ao Ver. Pedro Américo Leal e
pediria ao Ver. Clovis Ilgenfritz, que objetivasse o aparte, que não seja tão
longo quanto o aparte do Ver. Pedro Américo Leal, senão terei de pedir tempo
para mais gente.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: Ver. Reginaldo Pujol, V. Ex.ª tem um
argumento forte - e, como sempre, brilhante - e o Ver. Pedro Américo Leal, pelo
que falou, tem algumas dúvidas. Deveria ser feita a pergunta, como alguns de
nós a fizemos em oportunidades específicas, a cada Prefeito desta Grande Porto
Alegre, independentemente do partido que esteja no poder. E eles diriam: “Nós
queremos, porque é muito mais fácil, já existe uma entidade comunitária de
crédito e ela tem condições de aporte de capital. Nós podemos aportar capital,
nos associamos, entramos para o Conselho e vamos munir esse processo com a
abrangência maior do que a Cidade de Porto Alegre”. Este é o grande argumento.
As outras questões, se é ou não político, não caberiam agora, dado o interesse
da população nesse tipo de entidade, que é singular.
O Sr. Jocelin Azambuja: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Em primeiro lugar, acho que V. Ex.ª está com o raciocínio correto.
O PORTOSOL tem que ficar nos limites do Município de Porto Alegre. E tem que
procurar melhorar. Um amigo meu, que tem uma pizzaria, retirou um empréstimo.
Foram concedidos apenas um mil reais, para serem pagos em quatro prestações de
duzentos e noventa e quatro reais, sem nenhuma carência, com vencimento da
primeira parcela em trinta dias, enquanto que o RS dá seis meses de carência.
Então, temos que aperfeiçoar o nosso sistema de crédito e melhorá-lo para
financiar os munícipes de Porto Alegre.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradecemos a todos pelos apartes, que
corroboram a nossa tentativa de colocar a nossa posição. O Ver. Pedro Américo
Leal analisou o artigo 2º da Lei, que é modificado pelo artigo 1º da lei
proposta, e se ateve ao artigo 3º da proposição, que diz que revoga, pura e simplesmente,
o inciso 4º do artigo 5º da Lei nº 7.679. E aí, no inciso 6º, diz que um dos
princípios a serem observados é “a disposição de que deverá operar
exclusivamente no Município de Porto Alegre”, como sendo um dos princípios a
constar no estatuto da entidade, a quem autorizamos que o Município se
associasse.
O
que está em discussão, em última análise, é se esse princípio, que foi causa
motivadora da decisão de vários Vereadores de aprovar a constituição e a
integração do Município nessa associação ideal, prevalece ou não, se agora
devemos estender essa possibilidade para que o Município consolide com Canoas,
que é o interessado, amanhã com Alvorada e, talvez, até com Quaraí essa sua
expansão como verdadeiro agente financeiro que parte daquela premissa, Ver.
Hélio Corbellini: na economia a gente cresce ou desaparece.
Como
ainda não entendi que esse apelidado Banco Municipal seja claramente um Banco -
eu procuro entendê-lo como um agente de desenvolvimento da Cidade de Porto
Alegre, a nossa agência de desenvolvimento - eu quero mantê-lo, até para não
guardar incoerência com o conjunto da tradição da Cidade que não quer, sequer,
que eu, Vereador de Porto Alegre, firme uma indicação solicitando que melhore
as condições de pavimentação asfáltica da estrada que liga Porto Alegre ao
Município de Osório, para exemplificar. O nosso Regimento me veda isso e eu
agora aqui venho e autorizo o Município a se associar a uma entidade cujo fórum
eu não mais imagino onde vai ser ou onde deixa de ser, porque as suas restrições
acabam desaparecendo.
Então
o chamado Banquinho Municipal, o Banquinho que o Ver. Clovis Ilgenfritz, com
tanta alegria, saudava - Banquinho do Município, foi assim que a Cidade veio a
conhecer essa associação - deixa de ser do Município e passa a ser de todos
aqueles que quiseram a ele se integrar. E isso, para mim, além de ter
incongruência de ordem legal, tem uma incongruência de mérito. Ou os
contribuintes de Porto Alegre aportaram recursos seus na forma de contribuição
inicial de R$ 700 mil dada pelo Município para que existisse essa entidade. Não
podem, agora, outros que, segundo o Ver. Clovis Ilgenfritz, são em grande
número, encostarem-se nessa situação e dela se favorecerem, em detrimento até
mesmo dos carentes do Município de Porto Alegre, daqueles que estiverem dentro
da área de atração do organismo, que outra coisa não são do que aqueles citados
no art. 2º da lei.
Concluo,
dizendo: outros não são senão aqueles que querem se constituir ou se consolidar
em pequenos e microempreendedores, instalados no Município de Porto Alegre. É
meu dever, é minha responsabilidade defender. Eu sou apenas Vereador de Porto
Alegre. Se eu tivesse, em 5 de outubro, sido escolhido Deputado Federal,
poderia, daqui a dois meses, estar falando por todos eles em todo o Brasil. Por
enquanto, tenho que me limitar a falar naqueles que, por competência, posso e
devo defender. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Estamos, na Ordem do Dia, tratando de uma Instituição Comunitária de Crédito
muito importante para Porto Alegre. Realmente, uma boa idéia que está
funcionando muito bem, mas que pode funcionar muito melhor. Interessei-me por
este assunto, porque, há muito tempo, fui um dos que deu Parecer favorável à
associação do Estado nesta Instituição. O PORTOSOL é constituído de fundos do
Município de Porto Alegre na base de 700 mil reais, do Estado, 350 mil reais,
da GTZ, também 350 mil reais, e outras instituições, inclusive a Fundação
Interamericana, na base de 227 mil reais, totalizando um fundo de um milhão,
627 mil reais. A Instituição Comunitária PORTOSOL passa por algumas
dificuldades, e essas dificuldades não são para horizontalizá-las para outros municípios,
e sim para verticalizar os seus tipos de financiamento e seus setores
atingidos.
Ela
precisa alterar o seu estatuto para ampliar os tipos de financiamentos, para
ampliar, também, a sua abrangência, destinar recursos para a área agrícola,
para associações comunitárias, para pessoas físicas. Pois, hoje, ela somente
financia, para aquisição de matéria-prima ou mercadorias, ferramentas,
equipamentos e máquinas novas ou usadas, melhoria ou ampliação das instalações,
consertos de máquinas, equipamentos ou veículos utilitários, valores que vão de
duzentos reais até dez mil reais. No entanto, ela possui apenas um mil e
seiscentos clientes ativos numa carteira de um milhão e setecentos mil reais,
ou seja, numa média de pouco mais de mil reais por financiamento. É muito
pequeno mesmo.
Eu
estive em reunião com o Diretor-Superintendente Gerhard Jacob e com a Gerente
Executiva Sr.ª Jane Barcelos, por mais de duas horas, discutindo o PORTOSOL, e
chegamos a várias conclusões: que poderíamos, por exemplo, ampliar os tipos de
financiamentos, como para o aumento de capital dessas empresas, para o
financiamento da subscrição de capital para um novo sócio para a empresa. Hoje,
o PORTOSOL não financia, por quê? Não financia também material de construção
para ampliação dessas empresas. Não financia, por exemplo, aluguel de empresa,
cursos profissionalizantes para os funcionários das empresas, impostos e
contribuições, talvez até especificamente do Município. Não financia saneamento
financeiro das empresas. Foi dito aqui que empresas que não têm acesso a banco,
têm acesso ao PORTOSOL. Isso não é verdade. Se a pessoa estiver negativa no
SPC, já não tira empréstimo. Então, por que dizer que no PORTOSOL tira? Não
tira.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo se inscreve e
cede o seu tempo a V. Ex.ª, que tem mais cinco minutos.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Também podemos ampliar esses
financiamentos para pagar educação, já que não funciona o nosso fundo de
crédito educativo. Por que não o PORTOSOL financiar a educação? Por que não
financiar montagem de nova empresa? Os Senhores sabiam que só financiam
empresas com mais de seis meses de funcionamento? E por quê? Porque existe uma
média que diz que muitas empresas são constituídas e morrem antes desse prazo.
Ora, é realmente passar uma atestado de óbito antecipado para as empresas. É
uma pena! E por que não diminuir as exigências de financiamento, os requisitos?
Por que financiar somente empresas com um patrimônio inferior a cinqüenta mil
reais? É uma aberração!
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Nedel, V. Ex.ª está fazendo um elogio a esse Projeto, sob
todos os ângulos, só lhe falta uma coisa: admitir que os outros municípios da
Grande Porto Alegre tenham o direito de sonhar como V. Ex.ª está sonhando aí,
inclusive, com expandir o tipo de funcionamento. Por favor, o seu argumento
passa a ser contraditório na hora em que V. Ex.ª acha que deveriam acontecer
outros tipos de financiamentos, alguns com os quais não concordo, que são para
alavancar recursos para pagar capital financeiro ou dívidas que, via de regra,
não trazem condições de garantia, embora a Instituição Comunitária de Crédito
tenha, na sua gênese, o que nenhuma empresa que financia, neste País, tem, que
é o financiamento sem pedir garantias do tipo patrimonial. É um processo
absolutamente novo!
Vossa
Excelência quer expandir os financiamentos, mas não quer que outras pessoas
possam usá-los. Se assim como está, nós já temos cinco mil clientes, imagine se
ela se expandir pela Grande Porto Alegre. Se os municípios da Grande Porto
Alegre aportarem recursos, os clientes aumentarão para quinze, vinte mil
rapidamente, mesmo não atendendo ao tipo de financiamento que V. Ex.ª está
apontando, que, eventualmente, poderá entrar quando da mudança do estatuto da
instituição.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Creio que V. Ex.ª não tenha ouvido o
início da minha manifestação. A instituição é importante para Porto Alegre,
porque tem recursos públicos do Município. Ora, onde já se viu uma instituição
financeira com esse capital ter apenas 1.600 financiamentos ativos, para os
1.200.000 habitantes de Porto Alegre, para mais de 50.000 pequenas e
microempresas de Porto Alegre? Por quê? Porque colocam muitas exigências,
muitos requisitos para se tomarem empréstimos. Eu estou pedindo para
verticalizar os financiamentos, e não para usar recursos públicos para outros
municípios.
Será
que Porto Alegre, Ver. Garcia, tem recursos públicos sobrando? Não tem. Por que
não atender a todas as microempresas de Porto Alegre? Por que atender a somente
1.600 empresas? Essa instituição tem, Ver. Pedro Américo Leal, um financiamento
do BNDES a juros subsidiados: o juro é menor do que o rendimento financeiro que
ela recebe de aplicação desse capital. Se ela não emprestar dinheiro ela estará
ganhando dinheiro, porque os juros de financiamento que ela paga são menores do
que a renda financeira que ela recebe. Senhoras e Senhores, prestem bem atenção
ao art. 1º do Projeto de Lei: “Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a associar
o Município em Associação Civil Ideal”. Ou seja: se ela for para Canoas o
Município irá se associar a uma entidade de Canoas, e não Canoas vai se
associar a esta. Não, será Porto Alegre que irá se associar a Canoas. O art. 3º
estamos revogando, que impedia que a PORTOSOL atuasse em outros municípios. O
que, na prática, irá acontecer é que só vai vigorar esse artigo terceiro. Ou
seja, vamos financiar os clientes de Canoas, deixando os contribuintes de Porto
Alegre sem recursos, sem financiamento.
Por
isso, sou pela não aprovação deste Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Se
juntarmos todas as propostas de modificação que fez o Ver. João Carlos Nedel,
teremos, de fato, um amontoado de questões impossíveis de serem juntadas numa
entidade só. O Vereador quer que a entidade, que tem um cunho bem definido,
como é a PORTOSOL, e foi criada assim, também financie, Ver. Pedro Américo
Leal, desde a abertura de empresas, empresas com problemas financeiros -
portanto, ele quer falir o Município e a PORTOSOL. É um amontoado, às vezes, de
irresponsabilidades na proposta. Ele quer que a PORTOSOL também financie
empresas com capital de cinqüenta mil reais, ou mais. Mas Ver. Nedel, o
objetivo do PORTOSOL é outro, é financiar empresas que jamais encontrariam na
rede financeira normal, ordinária, a possibilidade de ter um financiamento de
200 reais. Onde V. Ex.ª encontra, mesmo no RS Emprego, a possibilidade de
financiar 200 reais? Não existe. O RS Emprego não abre essa possibilidade.
Então,
não tem como compatibilizar as várias possibilidades que V. Ex.ª veio aqui
dizer que poderia ser possível.
Essa
entidade, PORTOSOL, é um sucesso, um exemplo já seguido por vários outros
Estados do nosso País. Inclusive, foi tão grande o sucesso - não sei como V.
Ex.ª considera - que em menos de três anos - completará em janeiro de 99 - são
mais de seis mil operações realizadas. Está escrito neste material que V. Ex.ª
tem, talvez não tenha lido bem: mais de seis mil operações - isso é de julho de
1998 - numa média de 1.500 reais.
Isso
fez com que os municípios vizinhos, que são de outros partidos, como a
Prefeitura de Canoas, cujo Prefeito é do PTB, solicitasse à Direção do PORTOSOL
a possibilidade de acesso.
Na
verdade, o Município de Porto Alegre não terá vantagem nenhuma nisso, mas não
terá nenhuma perda, porque o PORTOSOL teve, inicialmente, a participação de
recursos financeiros do Município, mas não é do Município; entra o Governo do
Estado; entra o SEBRAE; no seu Conselho de Administração tem todas essas
entidades.
O
atual Presidente do PORTOSOL, o Prof. Gherhardt Jacobs, se formos enquadrá-lo
no espectro partidário, está diametralmente oposto ao nosso PT, mas ele também
assina esta proposta de modificação do estatuto do PORTOSOL. Mas nós sabemos
que na medida que ampliarmos a quantidade de operações, também teremos, Ver.
Paulo Brum, mais garantia ao PORTOSOL. Quanto mais tomadores tivermos, teremos
mais garantias, desde que, evidentemente, se continue qualidade da
administração do PORTOSOL como tem agora.
O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só que o ilustre Vereador diz que eu quero dar financiamento para empresas que têm problemas financeiros,
que eu quero quebrar o PORTOSOL. Isso não é verdade. Eu só quero que financie
saneamento financeiro, tornar a empresa novamente viável. Isso é importante
para Porto Alegre.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Como isso é possível, quando não se
exige garantia de patrimônio? Explique-me isso financeiramente, V. Ex.ª que é
um contabilista.
O Sr. João Carlos Nedel: Isso não significa que não se exijam
garantias, em absoluto, Vereador.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Mas, Ver. Nedel, para que possamos
financiar quantias de até duzentos reais é impossível pedir garantias. Quem vai
pedir um financiamento de duzentos reais e vai ter garantias de quê? Só se for
do chinelo, de alguma panela que tem em casa, porque não é possível estabelecer
isso. V. Ex.ª há de convir. Agora, concordo que há sempre o que melhorar. E
algumas das propostas de V. Ex.ª, eu acho que têm que ser estudadas. Mas não há
nenhuma incompatibilidade com aquilo que se pede através do Projeto. E acho que
o projeto é importante, tem garantia e vem com assinatura de todas as
entidades, que não são só da Prefeitura. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra
para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
pretendo apenas agregar alguns argumentos nessa discussão. Na medida em que,
nos últimos dias, nos últimos dias os jornais locais publicam um trabalho feito
pela Organização das Nações Unidas que coloca o grau de exclusão social que hoje vige no mundo. Em todos, a situação
é muito grave. Agora, particularmente o nosso País ganhou, lamentavelmente, o
título de país com maior exclusão social campeia e se amplia. É fundamental que
o estado, as instituições públicas, as entidades da sociedade civil comecem a
tomar medidas com o sentido e com o objetivo bem claro de enfrentar essa
questão de uma forma objetiva.
O
que o PORTOSOL procura fazer é exatamente isso, com inúmeras limitações,
naturalmente, com várias lacunas, evidentemente, mas ele é uma iniciativa da
sociedade civil, porque não é tão-somente da Prefeitura de Porto Alegre, é
inclusive uma associação “sui generis’ e importante, que reúne a Prefeitura de
Porto Alegre, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a Federasul, entidades
da sociedade civil organizada como, por exemplo, o ex-Reitor da Universidade
Federal, representantes do Conselho do Orçamento Participativo, e aí por
diante. É essa associação “sui generis”, para criar uma instituição
não-estatal, com o objetivo explícito e claro de dar uma fonte de financiamento
para aquele cidadão que é completamente excluído de acesso ao sistema
financeiro usual. É disso que se trata. Como colocou o Ver. Guilherme Barbosa e
outros, anteriormente, quem precisa, Ver. Cláudio Sebenelo, de um financiamento
de trezentos reais, onde ele busca? Pode buscar com um amigo, se tiver um amigo
que disponha de trezentos reais. Agora, nós sabemos que a realidade da grande
maioria das pessoas é sequer ter um amigo que lhe possa financiar esse valor
para comprar o carrinho de pipoca, que vai depois vender e lhe dar sustento. O
PORTOSOL é exatamente uma porta de entrada que possibilita esse tipo de
financiamento. Ele não tem outro objetivo, ele não quer financiar médias e
grandes empresas, ele quer financiar esse micro e pequeno empreendedor que
precisa não de milhões ou milhares de reais, mas de algumas centenas, na grande
maioria dos casos.
Essa
associação “sui generis”, a partir de uma idéia muito forte, teve anos de
elaboração e maturação, e começou ser colocada em questão no mês de janeiro de
1996, há pouco tempo, há menos de três anos. Vejam que isso, de lá para cá,
nessa breve e pequena história, essa instituição já mostrou a que veio e a
importância que tem, porque mil e seiscentos empreendedores já foram
beneficiados. O Ver. João Carlos Nedel diz “apenas” mil e seiscentos, realmente
poderíamos esperar mais, mas eu diria diferente: mil e seiscentos
empreendedores que, de outra forma, jamais teriam uma porta para bater e para
garantir um pequeno financiamento para o seu empreendimento, e encontraram-no
no PORTOSOL.
Essa
instituição que é tão jovem, mas que já está tão solidamente justificada, tem,
inclusive, capacidade de investimento ocioso, ou seja, ela tem possibilidade de
crescer, até porque a sua inadimplência é radicalmente menor do que o sistema
financeiro de um modo geral, e isso porque é um crédito solidário e uma forma
de garantia solidária. Os amigos, aquelas pessoas mais próximas que são a
garantia, e, ninguém de boa-fé quer deixar um amigo ou um companheiro mal. A
concepção de uma garantia solidária é também uma coisa bastante nova e que deve
ser estimulada.
Portanto,
Sr. Presidente, concluo, dizendo que foi exatamente o sucesso dessa iniciativa
tomada, que fez com que outros municípios queiram ingressar nela. Com essa
possibilidade de ampliação, a estrutura sendo a mesma, é natural que a
possibilidade de um financiamento, inclusive com juros menores, pode ser uma
possibilidade concluída.
Por
isso peço a todos que votem favoravelmente a essa alternativa concreta de
resistência à exclusão social. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apregoamos o Requerimento nº 220/98, de
autoria da Ver.ª Maria do Rosário, que requer autorização para representar esta
Casa na Segunda Jornada de Integração da Região Sul Contra o Tráfico e
Exploração de Crianças e Adolescentes, no dia 24 do corrente mês, em Santa
Catarina.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento):
Sr. Presidente, só para
registrar que esta solicitação de representação é sem ônus para a Câmara
Municipal.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Está esclarecido Vereadora. O Ver. Nereu
D’Ávila está com a palavra para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou
discutir a matéria, porque sinto que a nossa Bancada não está pensando,
compactamente, com relação a esse importante Projeto do PORTOSOL. No
encaminhamento, dependendo das nuances do posicionamento dos Vereadores da
Bancada, pode ser que ela fique dividida, e não teríamos um encaminhamento
sólido dos quatro Vereadores. Diante disso, trago a minha posição pessoal na
discussão, como todos os Vereadores têm feito. Esse Projeto é estranho, para
dizer o mínimo, porque aquelas pessoas que nos assistirão no Canal 16, devem
saber que se está propondo algo que extrapola até o bom senso; é simplesmente
ampliar, em nome da Cidade que não foi consultada, cujos recursos são ela,
Cidade, eles, contribuintes que fornecem e quer-se passar ou repassar essa verba para municípios circunvizinhos
numa espécie de multinacional que lança os seus tentáculos naquelas áreas em
que as entidades ou os municípios necessitariam desse tipo de financiamento. É
respeitável a intenção, e acho que na prática haveria a possibilidade de
funcionar bem, mas é estranho, porque não temos uma delegação de poderes tão
grande assim, de ampliarmos, de sairmos
da nossa jurisdição, porque o dinheiro é do contribuinte, é de Porto Alegre.
Seria
temerário dizer que isso é tranqüilo. Não temos nem a certeza - e o Ver. Pedro
Américo Leal levantava, há pouco, essa situação importantíssima -, porque não
consta no Projeto, que os municípios que fariam contratos ou que seriam
beneficiados pelo Projeto, pelo financiamento, contribuiriam com alguma verba.
Por enquanto não temos essa decisão e o que consta é que não contribuiriam,
então sairia só de uma parte, não seria nem bilateral; seria unilateral. Eu
acho que é uma temeridade adentrar-se num assunto de tal monta, de tal
intensidade, de tal importância, simplesmente linearmente, sem uma consulta
mais ampla com a comunidade, para nos certificarmos totalmente de que é
conveniente.
Eu
sempre entendi que o papel da Câmara, além de fiscalizar o Executivo, além de
votar o Orçamento, que é a sua peça básica desde outrora, uma das suas
atribuições é fundamental, é prioritária, que é reger os interesses da
população que as câmaras representam, no caso, os 33 Vereadores representam os
interesses da Cidade de Porto Alegre. Será que é do interesse da Cidade de
Porto Alegre fazer operações bancárias, operações de financiamentos, de Banco
de Fomento, de Banco de Financiamento, como o BNDES e outros? Uma cidade
fazendo isso em relação as suas circunvizinhanças é uma coisa bastante
estranha. Pode ser, até, que eu esteja completamente equivocado ou não bem
situado e que isso seja comum. Porém, isso vai beneficiar a Cidade de Porto
Alegre e seus contribuintes?
Digamos
o seguinte: se Porto Alegre vai fazer o papel de agiota e emprestar a 4,5% -
consta que é isso -, mesmo nestas circunstâncias é essa a função dos encargos,
dos objetivos do Município? Tenho as minhas dúvidas. Não posso responder, hoje,
com uma convicção absoluta. Alguns diriam: este Projeto está há bastante tempo,
aqui, se V. Ex.ª não estudou. Não é bem assim. Num parlamento, as coisas não
são completamente simples, nem simplórias, elas têm complexidade. Ficamos um
tempo com o processo eleitoral e, agora, estamos a braços com esta situação. A
oitiva que eu fiz de diversos colegas, não me deixou, ainda, absolutamente
convencido.
Eu
encerro, Sr. Presidente, dizendo que é muito importante a matéria para que
algum Vereador - e é o meu caso - vote sem ter uma convicção absoluta, tal é a
responsabilidade do Projeto que está beneficiando a sua população, a sua
cidade, a sua comunidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir o PLE nº 007/98.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tempo
que se dispõe para discutir uma matéria desta envergadura é exíguo e não
permite que se faça uma reflexão mais aprofundada, a partir da natureza
jurídica da entidade ou da associação. Se examinarmos esse ente jurídico, que a
Câmara Municipal autorizou o Executivo a se associar e essa cria a associação,
vamos ver que esse ente jurídico não é uma autarquia, não é uma empresa
pública, não é economia mista, não é uma fundação e muito menos uma
permissionária e concessionária e não é instituição financeira, porque não
capta diretamente recursos monetários para a constituição de seu capital.
Por
outro lado, uma vez instituída a associação com as suas características, e a
meu juízo, eu não afirmaria tratar-se de uma instituição, uma associação
puramente de Direito Privado. Acho que se trata de uma instituição híbrida,
onde ingressam dois entes, a iniciativa privada e a entidade pública. Se
examinarmos os estatutos que estão transcritos no Registro de Títulos
Especiais, o que caracteriza entidades privadas, ele é o orientador, é a lei
que dirige os atos da referida Instituição Comunitária. A sede é em Porto
Alegre. Essa discussão de remeter para fora de Porto Alegre colide, de pronto,
com o dispositivo do estatuto, devidamente registrado onde estabelece a sede da
Instituição. Não se trata de pensar que a Instituição vai para Canoas,
Alvorada, absolutamente, não. A questão territorial se essa Instituição pode ou
não transpor os limites territoriais e jurídicos do Município de Porto Alegre
deve ser vista.
Vejam
que se trata de uma Instituição privada e os seus estatutos não estabelecem a
limitação de sócios pessoas jurídicas. Significa dizer que entidades publicas e
privadas - porque os estatutos não fazem essa restrição - poderão se associar
nessa entidade comunitária. É bom que se busque na Constituição, nos Princípios
Gerais da Atividade Econômica, o art. 174, parágrafo 2º, que diz: “A Lei “- é
uma disposição programática e nacional aplicável às três esferas de Governo -
“apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo”. O
que fez a Casa a respeito desse dispositivo? Está estendendo o seu estímulo
para o desenvolvimento e o fomento de entidades associativistas.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Elói Guimarães, o Ver. José Valdir
se inscreve e cede o seu tempo a V. Ex.ª.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço ao Ver. José Valdir, assim,
poderei chegar à conclusão que pretendo. A natureza jurídica da entidade é,
indiscutivelmente uma entidade “sui generis”, porque não é absolutamente
privada, ela foi constituída de recursos públicos e se abriu para outras
entidades jurídicas que poderão ser entidades privadas e entidades públicas.
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a sua sede é em Porto Alegre, é disposição do
seu estatuto. Isso é um elemento fundamental e importante para que se afaste
qualquer possibilidade de a associação - como ouvimos da tribuna - passar a
operar, ter a sua sede em outros municípios. Antes pelo contrário, os
municípios ou entidades, pessoas jurídicas, se entenderem, associar-se-ão à
entidade. Há um fenômeno, e talvez este projeto e essa entidade seja pioneira,
estamos vivendo hoje, e é disposição constitucional, a metropolização; ou seja
as áreas metropolitanas. Amanhã, em breve, teremos executivos da região
metropolitana, câmaras municipais da região metropolitana, tal o fenômeno que
se desenvolve nas regiões metropolitanas, essa verdadeira conurbação está
trazendo uma série de relações em que
as fronteiras físicas e os limites jurídicos estão perdendo a sua primazia, e
passa a haver uma relação de metropolização, Ver. Juarez Pinheiro.
Essa
entidade talvez seja, vamos dizer assim, a semente, o primeiro ato externo
visível desse fenômeno que nós estamos inconscientemente nos envolvendo.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nessa linha de raciocínio de V. Ex.ª, esta Câmara já aprovou uma
outra iniciativa de Porto Alegre junto com Gravataí, Cachoeirinha, Glorinha e
outro município quando nós constituímos, e já está em construção - em operação
daqui a pouco - um aterro sanitário que vai receber o lixo de vários
municípios. Isso, exatamente, na linha de raciocínio que V. Ex.ª está fazendo.
Então há um outro exemplo e esse, no caso, seria o segundo.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: São esses fatores que estão fazendo, até
no inconsciente das ações quer humanas, quer administrativas com que haja esses
fatores chamados conurbação, onde os limites geográficos passam a ser
repensados, e essa Instituição, a meu juízo, contém um elemento fundente para
essa nova realidade da metropolização.
Então,
eu entendo que a Câmara, autorizando o Município a se associar a uma entidade,
a entidade não é o Município, é bom que se deixe claro, porque até certo ponto
do debate, pareceu que a entidade seja o Município. Absolutamente não. O
Município é apenas uma parcela, é criador e gerador da Entidade. É apenas uma
parte da Entidade e isso é tanto verdade que o Conselho Administrativo está
integrado por diversas representações, inclusive, do Governo do Estado.
Eu
acho que a questão dos limites, que seria a questão do território de Porto
Alegre, não se trata, como dissemos, de uma entidade pública, porque, do
contrário, não poderia receber sócios de outros municípios. É uma entidade
privada onde o Município de Porto Alegre dela participa. Parece-me de uma matéria
onde o Município, da Entidade,
participa. Não é o Município de Porto Alegre, vejam bem, que vai
fomentar o desenvolvimento de Canoas, mas, sim, essa Entidade, que não é
autarquia, não é instituição financeira, mas é uma entidade “sui generis” é uma
entidade híbrida que com os recursos que aportarão com a possibilidade que a
Câmara está dando vai desenvolver determinadas áreas da Região Metropolitana,
uma realidade que está aí pululando em todos os setores da região
metropolitana. Nesse sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, coloco-me
favorável ao presente Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O próximo inscrito é o Ver. Antonio
Hohlfeldt que cede seu tempo ao Ver. Cláudio Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de
todas as propostas e argumentos ouvidos até agora, o que mais me impressionou,
o melhor deles a favor do Projeto é o da conurbarção, este conúbio entre as
cidades, ficava uma conurbação quando as cidades até 30, 40 anos atrás
longínquas e isoladas e pela sua coalescência, pela sua homogeneização, aos
poucos as pequenas cidades, em volta de Porto Alegre, foram se tornando bairros
de Porto Alegre e por fim uniram-se todas na chamada Região Metropolitana. Acho
que esse é um argumento forte.
Há
pequenas cidades americanas das regiões metropolitanas de grandes cidades como
Detroit, Chicago, Washington e Nova York que são pequenas cidades e cada uma
delas tem o seu banco de fomento, seu banco de desenvolvimento. O banco dessas
pequenas cidades faz desconcentrar a renda, dá acesso a que as populações
tenham seus financiamentos. Esse Projeto tem várias intenções desde as
administrativas até a mais importante delas que é o dividendo político. Os
tentáculos da Administração Municipal
passariam a ocupar espaços políticos na Grande Porto Alegre. O que está em
discussão aqui, e isso é fundamental, seria o fator de renda. Uma entidade do
Governo Municipal concentraria para si as rendas do Município e atrairia
clientes com isso.
A
própria argumentação - esse é um fator absolutamente contra a idéia do Projeto
- é que a falta de dinheiro nessas cidades poderia ser compensada pela passagem
desse “know-how”, desse sucesso administrativo, desse modelo para o País,
porque é dito que tudo o que o PT faz é modelo para o País, é o modelo para o
mundo. Esse modelo, por que não passá-lo para outra cidade e criar portossóis
em outras cidades? Em Canoas, em Alvorada - que a Prefeitura é do PT? Por que
não se criar uma instituição semelhante? Por que ligá-la a um cordão umbilical
dependente e absolutamente explorador, pelo alto valor dos juros que, muitas
vezes, chegaram a 4,5%. Inclusive, foi motivo de denúncias, o ano passado, pelo
Ver. Isaac Levin, e nós debatemos com o Dr. Utzig, que defendia a idéia...
O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Sebenelo, eu acompanho seu brilhante raciocínio, mas chamaria
a atenção de V. Ex.ª, quando fala nos recursos geridos por Porto Alegre, que os
sócios da Associação são ilimitados e os novos sócios de Canoas, etc, ao
aportarem à sociedade, trarão recursos para o capital da sociedade. Eu insisto
na idéia: o Município de Porto Alegre é uma parte da Associação.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Perfeito, Vereador, o seu raciocínio é
importante. Mas, veja aqui: “Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a
associar o Município em Associação Civil Ideal, com finalidade precípua de
acesso ao crédito.” Isso seria uma entidade financeira.
O Sr. Elói Guimarães: E o art. 8º, dos estatutos, admite
associar pessoas jurídicas...
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Mas o comando é do Município e quem
respondia era sempre o Sr. Secretário de Captação de Recursos, que na época era
o Dr. Utzig, que brilhantemente demonstrou e expôs o trabalho dos bancos nos
debates de rádio, televisão e pelos jornais. O que queremos alertar é o
seguinte: se essa experiência é tão boa, e essa estrutura tem dinheiro à
disposição, por que não baixar os juros, numa regra de mercado de oferta e
procura, e atingir um segmento bem maior da população necessitada dessas
importâncias. E se está tão bem, com tanto lucro, por que não repassar essa
idéia e dar o “know–how” para outras cidades, sem o crivo da dependência? Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais oradores inscritos para
discutir. Encerrada a discussão. Em votação.
Verifica-se
que não há quórum para votação, razão pela qual os encaminhamentos para votação
ficam transferidos para a próxima sessão.
A Sr.ª Maria do Rosário: Sr. Presidente, V. Ex.ª considera que não
há quórum e nós estamos achando que há quórum, então gostaríamos de pedir que
V. Ex.ª fizesse a votação.
O SR. PRESIDENTE: Muito bem, será feita a votação nominal.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal.)
O SR. PRESIDENTE: Computados 13 votos SIM; nenhum voto NÃO; nenhuma
ABSTENÇÃO.
Não
há quórum qualificado, portanto, estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às17h56min.)
* * * * *